A nova geração FoMo (em inglês, fear of missing out ou medo de perder alguma coisa) está conectada constantemente e hoje nosso senso de urgência é muito diferente do que era há poucos anos.
Um estudo da Microsoft demonstrou recentemente como a tecnologia moderna está impactando na capacidade de atenção (foco) das pessoas. O médico Fábio Cardoso, especialista em Medicina Preventiva, no entanto, afirma que é possível conviver com as transformações típicas de uma era digital adotando medidas saudáveis na nossa rotina.
A pesquisa detectou que há três tipos de atenção humana: sustentada (foco prolongado); mantendo foco seletivo apesar das distrações; alternada (deslocando a atenção entre estímulos ou tarefas).
Realizado com 200 pessoas e com a realização de exames a 112 voluntários, a pesquisa consistiu em fazer perguntas e solicitar respostas às pessoas que estavam jogando jogos projetados para medir o tempo de atenção. Os níveis de respostas foram agrupados em três categorias: alta, média e baixa capacidade de atenção.
Os exames foram administrados enquanto os voluntários assistiam a diferentes tipos de mídia e estavam envolvidos em várias atividades, um parâmetro para se diagnosticar quando a atenção vagava de um assunto ou tarefa para outro/a.
Os pesquisadores descobriram que a concentração média para os entrevistados e voluntários foi de apenas oito segundos, abaixo de doze segundos em relação ao detectado há quase 15 anos atrás, quando o mesmo teste foi realizado (1999-2000).
Um dado positivo detectado pelos pesquisadores foi que o uso de dispositivos digitais causou uma melhoria nas habilidades de multitarefa. Por outro lado, os voluntários que usaram seus dispositivos digitais tendem a ter mais problemas com foco em situações onde essa condição era necessária para o exercício da função.
O professor Daniel T. Willingham, da University of Virginia, afirmou ao New York times que a tecnologia não tira o nosso foco. “Prestar atenção não requer apenas habilidade, mas desejo. A tecnologia pode extinguir o nosso desejo de se concentrar. “Assim, a excitação constante oferecida pelos nossos produtos eletrônicos de consumo está atrapalhando até mesmo a nossa vontade de consumir apenas uma coisa de cada vez?.
O Dr. Fábio Cardoso explica, é possível trabalhar nosso cérebro de forma que ele possa para acompanhar melhor as acelerações provocadas pelas mudanças tecnológicas. Na execução das tarefas de rotina, qual a forma mais saudável do nosso organismo acompanhar a evolução das novas técnicas? Hás vantagens e desvantagens que a aceleração dos tempos provoca no corpo e na mente humana, assegura.
?A Medicina Preventiva pode explicar quais as mudanças o organismo enfrenta nesse tempo acelerado de multitarefas, comandado pelo digital. Também pode ajudar a entender de forma específica as adaptações que o cérebro (e o corpo como um todo, além da mente) opera para se adaptar às novas rotinas comandadas pela tecnologia?, diz ele.
“Os dispositivos digitais não estão corroendo nossos cérebros”, argumenta o professor Willingham“Eles estão, no entanto, nos levando constantemente a pensar no que está fora, uma situação que é provavelmente único na experiência humana”.
O problema é que a definição para este “pensamento dirigido para fora” é distorcido (como checar constantemente o e-mail ou jogar Candy Crush). Portanto, isso pode significar que estamos sempre pensando em outras pessoas, como nossos seguidores no Twitter, nossos amigos de Facebook e julgar nossas ações com base nelas.
No fim das contas, a tecnologia é apenas um canal para a nossa própria humanidade. Vivemos nos queixando que nos tornamos viciados em telas brilhante, mas não é pelas telas, mas pelo que está por trás delas: milhares e milhares de outros seres humanos, todos interagindo uns com os outros em graus de tempo real, um espelho da própria sociedade.
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