Pense rápido: qual o grande problema da humanidade do nosso tempo ou para as futuras gerações? É possível que algumas pessoas tenham dito escassez de água. Curiosamente, a solução de uma questão dessa magnitude não necessariamente está relacionada a uma escala de proporções globais. Na verdade, a resposta estaria no mundo nano.
É o que defende Marcia Barbosa, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, membro da Academia Brasileira de Ciências e palestrante no painel “Admirável Mundo Nano”, na Campus Party 2018.
Primeiro, é preciso entender o que é exatamente isso. Nano é uma unidade usada tanto para tempo quanto para comprimento em uma escala de 1/1.000.000.000 (um para bilhão). Por exemplo, um metro teria sua equivalência em nano na ordem de um bilhão.
Mas de que maneira o mundo microscópico pode ajudar com problemas de escala global? Quando o assunto é escassez de água, por exemplo, há boas ideias que surgiram a partir do mundo nano. E mais curioso: muitas das ideias já existiam na própria natureza.
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“Muitas das novas ideias sobre escassez de água utilizam tecnologias baseadas em hidrofobia (repele a água) e a hidrofilia (absorve). Ou seja, elas capturam pequenas gotículas e armazenam em bolsas que repelem a água. Na prática, existem telas que capturam o vapor da água e armazenam em reservatórios hidrofóbicos. Já se usa isso em alguns lugares da China, que é um país com escassez de água. E sabe o mais curioso? Existem seres que possuem essa tecnologia, como é o caso de certos besouros que capturam o vapor e transformam em água, que posteriormente é ingerida pelo animal”, explica Marcia.
Usando a mesma ideia de hidrofobia e hidrofilia, Marcia afirma que é possível até mesmo filtrar a água do oceano – uma ideia e tanto, uma vez que mais de 97% da água do planeta é salgada. “Já existem lugares ao redor do mundo que capturam a água do oceano e filtram em tubos com nano filtros que eliminam o sal. A mesma ideia também poderia ser usada na filtragem da água presente nos aquíferos naturais, que, a propósito, possuem um alto índice de minerais”, afirma Marcia.
Marcia ressalta que essa é uma ideia para 10 anos, no mínimo. Mas o desenvolvimento da tecnologia nano pode diminuir esse tempo. Mais do que isso: outros problemas poderiam ser resolvidos a partir de uma visão microscópica. Ou seja, chega de pensar grande. Pense pequeno!