E se você pudesse quebrar as fronteiras do que é possível, explorar o desconhecido e impulsionar a criatividade, tecnologia e inovação para construir ideias que moldam o futuro? Como é possível liberar as forças inovadoras em culturas engessadas ou potencializar essas habilidades em organizações mais criativas?
Sempre vale a pena buscar inspiração em profissionais que têm a responsabilidade de pensar e desenvolver inovação em empresas líderes. Uma boa fonte é o SXSW, que sempre foca na discussão sobre intraempreendedorismo, a importância da criatividade e lições aprendidas para ter pioneirismo no futuro.
Nesse mundo real por trás de seus experimentos, inovações, frustrações trabalhos premiados, Chris Down – Chief Design Officer da Mattel, Matrhieu Lorrain- Global Head of Creative Innovation do Google, Phil Sage – Sr. Diretor Design & Innovation da Pepsico e Val Vacante – VP, Solutions Innovation da Dentsu conversaram abertamente sobre novas perspectivas, o que é necessário para inovar, o impacto do cenário da tecnologia emergente em constante evolução e o design de experiências de próxima geração.
No bom debate, alguns princípios e conceitos foram destacados. O ponto de partida, no entanto, sempre passa pela necessidade de buscar algo “novo”, capaz de manter ou criar interesse das pessoas para marcas e produtos. E, exatamente por isso, inovação traz consigo o risco. E o quanto os atores corporativos estão dispostos a correr riscos, e quais riscos, com qual previsão de benefícios.
Inovação tem método
Chris Down, designer da Mattel, proprietária da marca Barbie, afirma que é preciso avaliar qual a tolerância ao risco que cada empresa apresenta. Phil Sage, da Pepsico, por sua vez, complementa o conceito mencionando a importância da resiliência. A lógica é que empresas mais resilientes são mais tolerantes ao risco e, por sua vez, mais sensíveis a perceber pontos de dor nas jornadas dos clientes que indiquem onde há oportunidades para inovar.
Metodologias ágeis e prototipação ajudam demais a mostrar o que é intangível, a trazer ideias para a realidade. Evidentemente que discussão ressalta ideias e práticas consagradas. Infelizmente, a maior parte das empresas não tem preparo, ambição e qualidade para seguir princípios e métodos provados e consolidados. Uma prova é a falta de diversidade e a ênfase de líderes em darem a última palavra, baseada em pressupostos que normalmente são adversários da inovação.
Inovação tem de ser orientada ao cliente
Desenvolver capacidades e habilidades estão no centro da atividade das empresas inovadoras. Dentsu e Google são exemplos do trabalho colaborativo e como a troca de ideias motivada e praticada em grupos multidisciplinares gera bons protótipos que se transformam em bons resultados. A inovação é um instrumento para acelerar negócios, e que depende de perspectivas, e da busca por soluções para problemas bem definidos, mesmo que os consumidores não tenham uma ideia clara de que problemas enfrentem.
Inovar também significa adaptar produtos e marcas a novos cenários. O exemplo de Barbie é notável. Da boneca símbolo da mulher americana, Barbie se adaptou (foi adaptada) à uma realidade que discute e poderá então feminino, igualdade, diversidade, para não perder relevância cultural globalmente. Barbie já não é mais uma boneca, é uma forma de conexão e envolvimento entre pessoas tendo a “ideia” do que ela representa como esteio de uma comunidade.
Nada disso seria possível sem disposição e habilidade para colocar o cliente no centro da estratégia.
Inovação precisa de design
Qual o papel do talento em um mundo no qual a ciência de dados ganhou tamanha evidência e poder transformador? O talento depende de curiosidade, compaixão, empatia, otimismo, pensamento diverso e confiança para agregar humanismo e emoção ao que os dados trazem, indicam, mensuram e preveem. As nuances e comportamentos das pessoas podem ser amplamente mapeados para compreender os contextos existentes e o quanto eles tem influência sobre as decisões dos clientes. Essa face humana do design centrado no humano permite às marcas desenvolverem emoção realmente capaz de se conectar com o cliente.
Desenvolver ecossistemas colaborativos é outra plataforma fundamental para acelerar inovação. O poder de um ecossistema quando ajustado para trabalhar com foco no humano aumenta exponencialmente as chances de oferecer produtos inovadores.
Inovação é sobre tirar a fricção da vida das pessoas
Quantas empresas estão dispostas a serem constantemente curiosas, a buscar soluções e inovações orientadas a fazer um futuro melhor? Uma boa técnica é o “design especulativo”, no qual uma tendência é extrapolada para o futuro e então, um mapa de possibilidades é trabalhado para estimar as possibilidades de que o futuro extrapolado aconteça. A partir dessa nova base de conhecimento sobre o futuro, o design começa a ser elaborado. A essência é buscar um futuro no qual determinados pontos de fricção em negócios ou produtos tenham sido erradicados.
Pensar no futuro e utilizar “backcasting” (projete um cenário futuro e depois retroceda até o momento atual elencando o que foi feito para que o pensamento imaginado aconteça), é uma forma de mapear obstáculos e, na sequência, criar o ambiente, os KPIs, as ferramentas e ajustar a cultura interna para criar designs que se reflitam em inovação eficaz.
Roadmap da inovação
Um passo a passo consistente para criar uma cultura de inovação qualificada nas empresas passa por:
1. Cultura de Inovação: Empresas que incentivam e valorizam a criatividade e o pensamento inovador entre seus colaboradores têm mais chances de promover o intraempreendedorismo. Uma cultura organizacional que encoraja a experimentação e a tomada de riscos é fundamental para impulsionar a inovação interna.
2. Colaboração e Diversidade: Inovação muitas vezes surge da colaboração entre pessoas com diferentes experiências, habilidades e perspectivas. Promover a diversidade dentro da equipe pode gerar uma ampla gama de ideias e insights criativos, impulsionando a inovação.
3. Autonomia e Empoderamento: Dar aos funcionários autonomia para explorar suas ideias e tomar decisões pode inspirar o intraempreendedorismo. Quando os colaboradores se sentem capacitados a agir e experimentar, estão mais propensos a buscar soluções inovadoras para os desafios que enfrentam.
4. Aprendizado e Adaptação: O processo de inovação muitas vezes envolve tentativa e erro. Intraempreendedores bem-sucedidos estão dispostos a aprender com os fracassos e adaptar suas abordagens conforme necessário. A resiliência e a capacidade de se recuperar rapidamente de contratempos são características-chave dos intraempreendedores.
5. Foco no Cliente: As melhores ideias de inovação geralmente surgem da compreensão profunda das necessidades e desejos dos clientes. Intraempreendedores eficazes estão constantemente buscando maneiras de criar valor para os clientes e melhorar sua experiência, desenvolvendo produtos e serviços que atendam às suas necessidades de forma única e significativa.