Pensando na quarentena, Iza Dezon, um das mais brilhantes mentes que se dedicam a estudar o comportamento do consumidor no Brasil, fez uma série de posts no Instagram, sob o título “40 Dias Disruptivos”.
De forma curiosa, criativa, com grande variedade de referências, debates e conversas, Iza trabalhou tendências, pesquisas e assuntos como diversidade, felicidade e análises do que está por vir para ajudar os seus seguidores a encararem o período agudo da pandemia.
No painel “#40diasdisruptivos”, no CONAREC 2020, a pesquisadora apresentou o resultado desse trabalho excepcional, e contou como a internet pode se assemelhar a um vício, mesmo tendo sido criada com o intuito de ser uma dimensão de liberdade.
A economia do supérfluo
Iza conta que, na primeira semana da pandemia, montou seu primeiro projeto pessoal e público, na tentativa de entender o que as pessoas estavam precisando neste momento de tantas incertezas. Para isso, ela e sua equipe mergulharam em arquivos de pesquisas dos últimos oito anos, trazendo, a partir disso, pinceladas de algumas tendências.
“As pessoas estão começando a querer mudar o jogo, identificando e deixando de lado aquilo que é supérfluo”, diz, e cita uma das frases que mais lhe marcou no início da pandemia:
“Ouvi dizerem que ‘a economia parou no momento em que passamos a consumir só o necessário’. Isso mostra algo muito preocupante, pois passamos a ver que o sistema econômico está apoiado no supérfluo, que nos intoxica e nos coloca em um estado de ansiedade constante”.
Excessos, excessos, excessos
Contudo, Iza explica que focar no básico não significa se tornar minimalista, e sim se tornar consciente daquilo que inunda nossa vida com excessos. Um desses excessos, a pesquisadora diz, é o exagero de escolhas do qual somos submetidos. “Quanto maior a nossa liberdade para escolher, mais geramos expectativas, e quanto mais expectativas, mais frustrações”, opina. “Infelizmente demoramos muito tempo para entender que aquilo que estava na raiz da ansiedade eram justamente esses excessos.”
De acordo com Iza, as economias estão começando a olhar para uma nova era, em que o excesso será ressignificado ― e não só a abundância de compras e de acumulação, mas de informação, de imagens, de relacionamentos e de amizades, para dar alguns exemplos.
“O paradoxo da escolha escancara esses excessos negativos, e constata como informações demais começam a gerar muita insatisfação.” Esse fenômeno acontece por perdermos o foco nesse mar de escolhas, e isso intensifica a ansiedade.
O documentário “O Dilema das Redes”, que está em alta no momento, mostra muito bem esse “dark side” das redes sociais, segundo a pesquisadora.
“Há falta de curadoria nessas informações recebidas por nós a cada dia, e não absorvemos de verdade as mídias que nos impactam”
Um futuro melhor está no descansar
Ser multitarefa é bom? Segundo o estudo “Foco”, de Daniel Goleman, essa habilidade tão valorizada pela sociedade é um tanto tóxica, afinal, ser multitasker rouba ainda mais o foco e a atenção dos indivíduos. Como consequência, Iza comenta, temos uma sociedade com déficit de atenção generalizado, tratando essa característica como se fosse positiva.
“Descansar a mente é vital, e isso deve ser conversado dentro das empresas, e das empresas com seus consumidores”, sugere. “Um terço na nossa vida é feito para passar dormindo, então é preciso institucionalizar a importância de repousar.”
E finaliza: “Todas as tecnologias são mais rápidas do que nós. Ainda assim, tentamos viver na velocidade delas. Em vez disso, deveríamos abrir espaços na mente para que possamos construir um futuro mais consciente e melhor intencionado.”
Confira algumas das opiniões coletadas por Iza Dezon no movimento #40diasdisruptivos
“A felicidade é a mistura perfeita entre paz e prazer” ― Letícia Gicovate
“O pior defeito da humanidade é o excesso” ― João Moraes
“Felicidade é uma sensação momentânea de extrema leveza” ― Valeria Montorsi
“Um ataque de riso é uma morte digna na era da longevidade” ― Martin Giraldo
“Um ícone que irá nos inspirar no futuro? Nossa divindade, a alma” ― Lena Pessoa
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