O governo precisa repassar dinheiro para os bancos, públicos e privados, que cuidam de programas e benefícios sociais e esse repasse é responsabilidade do Tesouro Nacional. O que aconteceu foi que, de 2012 a 2014, o governo atrasou alguns desses repasses.
A suspeita é de que os atrasos funcionariam como uma forma de cumprir as metas fiscais (ou seja, para não deixar as contas públicas no vermelho). Assim, o dinheiro não repassado era usado para aumentar artificialmente o superávit primário.
A essa prática de atraso de repasses com o objetivo de maquiar as contas públicas foi dado o nome de pedaladas fiscais. Segundo o TCU, cerca de R$ 40 bilhões estiveram envolvidos nessas manobras, entre os anos de 2012 e 2014.
Como as pedaladas se tornaram uma rotina para alguns bancos, eles tiveram de encontrar um jeito de cobrir o prejuízo, usando para isso recursos próprios. Na interpretação de alguns especialistas, esse uso de dinheiro dos bancos para cobrir o atraso dos repasses do governo é um tipo de “financiamento da União”, uma prática proibida pelo artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Em outras palavras, é como se os bancos tivessem emprestado dinheiro ao governo.
Como o governo se defendeu
Os principais argumentos foram: as pedaladas fiscais já haviam sido praticadas por governos anteriores, mais especificamente nos anos de 2000 e 2001; 17 governos estaduais também se utilizaram das pedaladas nos últimos anos, o que abriria precedente para que vários governadores também sofram impeachment; os repasses não podem ser considerados como um empréstimo, e sim uma prestação de serviço para pagamento de benefícios sociais.
Assim, o governo não poderia ser condenado de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal, e nem Dilma poderia, por isso, ser acusada de cometer um crime de responsabilidade.
Porém, o TCU rejeitou, no dia 7 de outubro do ano passado, as contas do governo. Essa foi a primeira vez, desde 1937, que o Tribunal de Contas da União encaminhou um parecer pela rejeição das contas de um presidente da república.
Com a condenação do governo pelo crime de responsabilidade fiscal, a oposição procurou atribuir à Presidente Dilma a culpa pelas pedaladas fiscais, o que significaria que ela cometeu um crime de responsabilidade fiscal, o que por sua vez poderia justificar a abertura de um processo de impeachment.
Confira no infográfico abaixo detalhes sobre as pedalas fiscais.
Infográfico: Politize
*Com informações dos portais Politize, Estadão e Valor.