Para o bem do planeta, o assunto “reciclagem” virou pauta das reuniões das companhias em todo o redor do mundo – e já não era sem tempo. Muitos de nós vimos a transformação a partir de embalagens de papelão, pedaços de metal e até a reutilização do plástico. Mas quem já ouviu falar de reciclagem de chiclete?
É o que tem feito a Ford. A empresa fez uma parceria com a empresa britânica Gumdrop, que espalhou cestos exclusivos para o descarte de chicletes em áreas de grande movimento de jovens. Posteriormente, a goma de mascar foi transformada nos laboratórios da Ford em plástico moldável.
Essa não é a primeira vez que a companhia reutiliza produtos, no mínimo, inusitados. Outro exemplo é a sobra de grãos de soja, usada na fabricação da espuma de assentos e encostos dos bancos. Em dez anos, a marca já produziu 15 milhões de veículos com esse material, ajudando a reduzir significativamente a dependência do petróleo e, consequentemente, a emissão de CO2.
Outros materiais
Outro material em estudo é a cortiça descartada das rolhas de vinhos e espumantes. Com a reciclagem ela pode ser reaproveitada em diversos produtos, especialmente no isolamento acústico e outras peças automotivas.
A lista de potenciais matérias-primas pesquisadas pela Ford inclui até meias-calças e collants feitos de misturas de náilon sintético para aplicação no isolamento termoacústico dos carros. O descarte correto desses materiais evita o seu envio para aterros sanitários, onde levariam até 30 anos para se decompor.
Igualmente interessante é a pesquisa feita para o aproveitamento do agave, planta usada na fabricação de tequila, como componente de material bioplástico. O miolo dessa planta, parecido com um grande abacaxi, é usado na produção da bebida. No final do processo, a fibra descartada é misturada com plástico para a formação de um material chamado compósito. Recentemente, a Ford fez uma parceria com a José Cuervo, maior fabricante mundial de tequila, para produzir componentes para veículos feitos com o compósito de agave.
“Há cerca de 180 kg de plástico em um automóvel”, diz Debbie Mielewski, líder técnica do Departamento de Pesquisa e Engenharia Avançada da Ford em Dearborn, Michigan. “Nosso trabalho é encontrar o lugar certo para usar um compósito verde como esse, que nos ajude a causar menos impacto ambiental. É um trabalho do qual eu tenho orgulho e que pode repercutir amplamente em um grande número de indústrias. ”
A fibra do abacaxi também está sendo estudada pela Ford. Depois que a designer espanhola Carmen Hijosa visitou as Filipinas e conheceu as roupas tradicionais do país feitas com as fibras da fruta, ela desenvolveu um processo para transformar as folhas descartadas em um material natural e sustentável para uso têxtil. O resultado é o “Pinãtex”, material que mostrou ser uma ótima alternativa ao couro animal e pode ser usado no revestimento dos bancos e laterais das portas.
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