A indústria da moda tem passado por uma transformação profunda impulsionada por novas tecnologias. O setor, tradicionalmente baseado em processos manuais e cadeias de produção complexas, agora se reinventa com o uso de Inteligência Artificial (IA), Realidade Aumentada, impressão 3D e inovações sustentáveis. Essas mudanças redefinem a forma como as roupas são criadas, comercializadas e consumidas, oferecendo uma nova experiência para os clientes e abrindo caminho para práticas mais sustentáveis.
Marcas de moda têm utilizado Inteligência Artificial generativa para interpretar grandes volumes de dados, identificar tendências em tempo real e permitir que a experiência de compra seja altamente personalizada. Ferramentas como assistentes virtuais e recomendações personalizadas oferecem sugestões de produtos adaptadas às preferências de estilo de cada consumidor, criando uma experiência de compra mais interativa. A Inteligência Artificial também ajuda a automatizar processos criativos, o que permite aos designers desenvolverem mais variações de produtos e personalizar ofertas para os consumidores com maior eficiência.
“O uso de Inteligência Artificial generativa e blockchain deve mudar por completo o modelo de negócio do setor de moda, acelerando a inovação de produtos e permitindo que as marcas ofereçam uma experiência cada vez mais personalizada para o consumidor”, explica Gabriele Zuccarelli, sócio e líder da prática de Varejo na Bain & Company na América Latina.
Em relação à inovação de produto, as ferramentas de AI generativa aumentam a capacidade de detectar o nascimento de novas tendências em tempo real, interpretando grandes volumes de dados em forma de texto, imagens e vídeo. Além disso, a IA generativa pode acelerar também o processo de desenvolvimento de novos produtos, ajudando designers a testarem uma maior variedade de caminhos criativos e automatizarem tarefas como a criação de variações de estampas e cores.
Potenciais da personalização baseada em IA
Contudo, uma das maiores revoluções deve ocorrer na jornada de compra do consumidor. “A personalização baseada em IA tem um grande potencial para aumentar a fidelidade à marca. Ao fornecer recomendações de produtos que refletem com precisão as preferências e o estilo de vida do consumidor, as empresas podem oferecer um serviço mais relevante e humanizado”, pontua Gabriele. “O uso de IA generativa, por exemplo, possibilita que marcas automatizem a criação de conteúdos personalizados, desde a apresentação de produtos até campanhas de marketing. Isso torna a experiência de compra mais próxima e adaptada, aumentando a lealdade dos consumidores e fortalecendo a conexão com a marca”.
Isso possibilita que, no lugar de vasculhar um catálogo com infinitas opções de produtos organizadas por categoria, seja possível recorrer a uma personal stylist virtual, capaz de recomendar o look mais apropriado para uma determinada ocasião, considerando as preferências de estilo de cada indivíduo. “Assistentes virtuais, como personal stylists, revolucionam a interação entre consumidores e marcas, tornando o processo de compra mais dinâmico e conveniente. O uso da IA generativa permite que essas interações sejam baseadas nas preferências pessoais de estilo, criando uma conexão mais próxima e personalizada entre o consumidor e a marca, o que resulta em maior engajamento e fidelidade”, pontua.
Ao mesmo tempo, o executivo pontua que a IA não deve substituir completamente a experiência física, mas ambas as tecnologias podem trabalhar em conjunto para melhorar a experiência de compra. Segundo Gabriele, a Inteligência Artificial pode otimizar a personalização no e-commerce, enquanto a experiência nas lojas físicas oferece o contato direto com os produtos.
“A integração das duas, por meio de um modelo omnichannel, tem a possibilidade de criar uma jornada mais fluida, na qual o consumidor pode começar sua experiência online e finalizá-la fisicamente, ou vice-versa. Pesquisas recentes da Bain indicam que a IA e a blockchain estão transformando o modelo de negócios da moda, e a combinação dessas tecnologias pode aumentar o valor em ambas as plataformas”, frisa.
Uso de blockchain na moda
Ainda de acordo com a consultoria, a tecnologia blockchain também tem potencial disruptivo para a indústria da moda. Essa inovação pode aumentar significativamente a confiança dos consumidores, oferecendo rastreabilidade completa da cadeia de produção. Isso permite que os clientes verifiquem a origem dos produtos e assegurem sua autenticidade, especialmente em segmentos como moda sustentável e luxo. Com a transparência total fornecida pela tecnologia, as marcas ganham mais credibilidade e podem fortalecer a relação de confiança com os consumidores. Além da certeza da compra de um produto original, a rastreabilidade oferecida garante a transparência social e ambiental de cada produto, gerando um impacto positivo na percepção da marca.
Já a autenticação por Non-Fungible Tokens (NFTs) e Near Field Communications (NFCs) adiciona uma camada essencial de segurança à compra de produtos de luxo, garantindo que os consumidores recebam itens autênticos e permitindo rastrear suas transações. Essas tecnologias garantem autenticidade e, adicionalmente, possibilitam uma nova forma de engajamento com o cliente. “O uso de NFTs pode criar experiências exclusivas para os consumidores, proporcionando uma interação mais profunda e valiosa com a marca, tanto no mundo físico quanto no virtual”, comenta o executivo.
Gabriele pontua ainda que as novas tecnologias, como IA generativa e blockchain, tornam a jornada do consumidor mais fluida, com uma experiência muito mais interativa e personalizada. Em plataformas online, isso significa que o comportamento de compra se torna mais rápido, com maior confiança nas escolhas de consumo, já que as recomendações e a autenticidade dos produtos são garantidas pela tecnologia.
Ao mesmo tempo, o uso de Inteligência Artificial no e-commerce já permite automatizar catálogos e campanhas de marketing, oferecendo uma experiência virtual altamente customizada e eficiente, impactando positivamente o comportamento de compra.
“A expectativa será de interações rápidas, precisas e altamente customizadas, sem a necessidade de investir muito tempo em pesquisa de produtos. A busca por uma experiência de compra mais fluida e direta, que atenda às suas preferências individuais, deve aumentar”, destaca. “Além disso, o blockchain deve proporcionar maior confiança e segurança, o que pode criar um público ainda mais engajado e leal às marcas que adotam essas inovações, inclusive para compras de segunda mão de artigos de alto valor”.
*Foto gerada com uso de DALL·E.