Num movimento cada vez mais forte, uma tendência do varejo em todo mundo é o de aluguel (Rent), o de Resale (venda de peças usadas) e o de Refurbish, processo de recondicionamento de um produto usado com o objetivo do resale, porém, com o produto renovado e a garantia de qualidade.
Esta é uma tendência atrelada ao movimento “Conscious Fashion” – um varejo fashion, mas consciente – que leva ao consumidor a possibilidade de acesso a determinados produtos ou mesmo a reinvenção da forma de consumir, por exemplo, mobiliário. O movimento vem de encontro à vontade das pessoas em consumir coisas boas, mas muitas vezes inacessíveis, como peças de luxo.
Além de garantir maior aproveitamento de produtos e mais tempo de existência, o movimento de Rent, Resale e Refurbish pensa o varejo de forma mais ecológica ao propor maneiras criativas de diminuir o desperdício de peças e objetos que, mesmo usados, ainda podem ser reaproveitados e ter sua garantia de qualidade estendida por mais tempo. Por exemplo, se tenho uma peça que não uso e não faz sentido guardar, mas está em bom estado, revendo por um preço menor e mais acessível.
Marcas atentas ao Rent, Resale e Refurbish
Na última edição da NRF, em janeiro deste ano, em Nova York, tive contato com marcas que já estão ligadas nessa tendência. Focada na proposta de Rent, a gigante Ikea passou a trabalhar com um modelo de locação do seu mobiliário.
A marca percebeu uma demanda local (nos EUA) de locação de móveis, principalmente para pessoas que moram em determinada região por um ou dois anos para estudar e não querem ter os mobiliários para sempre ou para pessoas que têm filhos pequenos e não querem manter os mesmos móveis por muito tempo. A Ikea aluga os móveis, o cliente fica com eles e depois de determinado tempo as peças são devolvidas.
Outro exemplo no conceito Rent, a Rent the Runway, já bastante conhecida no mercado de locação de roupas, tem grande movimento no horário das sete às nove da manhã, ou seja, as pessoas vão para a loja para se vestirem para trabalhar, para participar de uma reunião importante ou viajar.
A empresa disponibiliza um programa de assinaturas por 149 dólares por mês pelo aluguel de roupas de grife. Ainda há uma parceria com o Hotel W, em que o hóspede tem disponível um guarda-roupa preparado a partir das suas características ou compromissos agendados, após a resposta de um questionário e é possível alugar essas peças diretamente no seu quarto de hotel, ou seja, é oferecida a comodidade de viajar sem mala ou com uma bagagem bastante reduzida.
No Resale, um bom exemplo é o trabalho do StockX, um e-commerce que trabalha com revenda de roupas, principalmente tênis, e apresenta um sistema de compra e venda similar ao da Bolsa de Valores para resellers, já que hoje existem muitos produtos collabs que são vendidos em pequenas edições limitadas, e isso acaba virando quase um mercado de ações, pois há pouca oferta e muita procura.
Então, vemos empresas como Off-White e Supreme que anunciam uma collab com o lançamento de 200 peças, com fila nas portas, e que reuniu pessoas que não são compradores, mas resellers que vão adquirir o produto em primeira mão e revender em sites, como o StockX, com um valor mínimo e máximo (que as pessoas pagariam por ele) e onde são dados lances automaticamente.
Uma outra marca que não é tão nova, mas sempre admirei a proposta de Refurbish no varejo é a Double RL, da Ralph Lauren, que tem em seu espaço 25% de produtos usados e garimpados no mercado. Muitos deles são jaquetas de aviador dos anos 60, sapatos, cintos e até uma parte de relógios e joias. O mais interessante é que todas as peças são captadas e passam por uma curadoria da própria Ralph Lauren, na qual eles reformam as peças e dão um selo de garantia de qualidade da marca.
Estes são alguns exemplos desta que é uma tendência bastante abordada na última NRF. É um mercado de varejo atento ao desejo dos seus clientes, que buscam comprar e interagir com marcas cada vez mais conscientes.
O que você precisa saber sobre Retailment, forte tendência do varejo em 2020