A Renner estimava uma perda de 12% de tecido durante a produção das peças em jeans, antes de iniciar uma parceria com a Universidade de São Paulo para desenvolver um processo de reutilização de sobras de tecidos em suas peças. A consultoria da USP apontou que a perda era, na verdade, quase 70% maior e chegava a 20% do tecido bruto. A utilização de novos métodos de produção fez o desperdício cair para 15%, segundo a Renner. José Galló, presidente da Renner, aponta que era preciso ainda melhorar a produtividade para reduzir a produção de resíduos. “A gente pensou, como melhorar a produtividade. Podemos fazer mais. Pegamos esses 15% e vamos reciclar. Vamos desfibrar, criar fios, tecido e vamos fazer jeans”, conta o executivo.
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A Renner criou a coleção Re Jeans para reutilizar os resíduos gerados na produção dos jeans tradicionais com calças, shorts, blusas e vestidos femininos. A iniciativa faz parte de uma lista de compromissos assumidos pela empresa até 2021. Entre eles, ter 80% dos produtos feitos com matérias-primas e processos menos impactantes, 75% da energia usada pela empresa proveniente de fontes renováveis, redução de 20% nas emissões de gás carbônico e ter 100% dos fornecedores certificados por entidades internacionais.
Sede sustentável
Galló diz que os projetos voltados à sustentabilidade da Renner surgiram há seis anos, mas a empresa não via necessidade de dar publicidade às iniciativas. A nova sede da empresa, em Porto Alegre, teve, segundo o executivo, 98% de seus resíduos reutilizados e ela está preparada para produzir energia renovável. “A gente começa a estender as coisas para os produtos, só que para chegar aos produtos, precisa estender aos fornecedores. Eles têm que se engajar nesse movimento”, diz o presidente da empresa. São 900 fornecedores da Renner no total e 320 ativos, acompanhados por 12 engenheiros dedicados a acompanhar os processos de produção das peças. Segundo Galló, “não se pode ser meio sustentável”. Por isso, a Renner conta com quase todos os fornecedores ativos integrados aos novos processos de produção, segundo o presidente.
Outras soluções
A empresa é uma das poucas varejistas no Brasil a fazer uso do Liocel, uma fibra vegetal cuja produção está, em 98% dos casos, concentrada na mão de uma empresa austríaca. Além do liocel, o algodão orgânico também é utilizado, mas, segundo Galló, esse tipo de algodão representa apenas 1% da produção mundial, o que impossibilita o uso em larga escala.