No último dia das crianças, um aplicativo chamou a atenção e virou febre pegando carona na tradicional prática de compartilhar fotos de infância nas redes sociais. Em meio à tantas fotos antigas, com baixa resolução e desgastadas pelo tempo, começaram a aparecer versões atualizadas das mesmas imagens que já foram danificadas pelo tempo.
O responsável pelo embelezamento, desta vez, não foi o Photoshop, e sim o Remini, um aplicativo chinês que usa inteligência artificial e reconhecimento facial para recuperar fotos antigas. Ele foi lançado no início de 2019 e, até o momento, mais de 10 milhões de fotos já foram restauradas com o seu auxílio.
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Mais do que apenas divertido, o aplicativo tem sido útil para que muitas memórias de família possam ser restauradas. Ele é capaz de trabalhar tanto com fotos analógicas escaneadas, quanto com fotos de câmeras digitais antigas, cuja resolução já não é mais compatível com as configurações de tela atuais.
O Remini não é um aplicativo gratuito: sua assinatura custa U$ 4,99 ao mês. Contudo, é possível restaurar 3 fotos gratuitamente como teste, que, diferentemente de muitos aplicativos premium por aí, gera resultados em alta resolução e sem qualquer marca d’água. (Fizemos o teste. Veja abaixo o antes e depois)
Vire avô em dois minutos
Outro aplicativo que fez sucesso em 2019 foi o FaceApp, cuja função é quase oposta ao Remini: ele transforma retratos de jovens em pessoas idosas.
Na verdade, o FaceApp tem muitos outros recursos úteis para o aprimoramentos de fotos, mas a maioria deles não são inéditos. A feature de envelhecimento, contudo, gera resultados tão realistas que se tornou viral. Todos queriam simular o próprio futuro com apenas um clique.
Outras habilidades do aplicativo envolvem mudar a cor dos cabelos, trocar de gênero ou aplicar um sorriso. Porém, nem todas são gratuitas.
Como essa tecnologia funciona?
Tanto o Remini quanto o FaceApp utilizam o que há de mais avançado em inteligência artificial, aprendizado de máquina e reconhecimento facial do mercado mobile. A técnica de ajuste de fotos utilizada pela IA desses aplicativos se chama Redes Neurais, e é como se fossem o sistema de neurônios artificiais dos computadores, baseado em algoritmos. Essas redes são capazes de identificar e moldar padrões de acordo com suas programações, e são usadas em muitas tecnologias atuais que vão além da fotografia.
Além disso, os programas possuem um imenso banco de dados interno, que fornece informações de outros rostos (mais velhos, mais novos, em alta resolução, com outros gêneros etc), e cruza essas informações com a foto aplicada, fazendo cálculos ágeis de probabilidade para identificar qual seria o melhor resultado para aquela fotografia em questão. Ou seja, é robótica pura: cada vez mais dados o programa consegue processar em menos tempo, melhores os resultados vão se tornando.
A questão da privacidade e segurança
Este é o ponto mais controverso desses aplicativos. Para utilizá-los, o usuário precisa conceder permissão de acesso à câmera e à galeria do smartphone. Os termos de serviço prometem que as imagens não serão utilizadas por terceiros, mas que as próprias empresas possuem autorização para essa utilização. No quê? Não sabemos.
Não há muitos registros de pessoas que já tenham tido problemas reais com aplicativos do gênero, contudo, usuários com perfil mais conservador em questão de segurança poderão querer ficar de fora dessa novidade.
Menos Photoshop, mais automação
A inteligência artificial está trazendo avanços acelerados para o mercado da fotografia. Há 10 anos, resultados como os do Remini e do FaceApp não seriam possíveis de se obter com simples sensores de smartphones, mas agora já estão popularizados. Definitivamente, são apenas a ponta do iceberg do que será capaz de se fazer nos próximos anos com apenas um toque no celular.
Alguns sensores fotográficos, como o do Google Pixel 3 e do iPhone X, são tão avançados que já conseguem capturar imagens com recursos complexos de edição embutidos na própria fotografia, aplicando elementos de cor, iluminação e profundidade que não existem naturalmente. Com o passar do tempo, as lentes serão tão boas, e tão sensíveis, que a necessidade de correção será reduzida para apenas necessidades pontuais.
O próprio Photoshop, que há vários anos vem recebendo mais e mais recursos inteligentes e automatizados, deverá ter a quantidade de cliques necessários para suas funções reduzidos drasticamente.
No momento, as redes neurais já são capazes, também, de colorir fotos p&b automaticamente, fazendo previsão das cores de cada elemento através da inteligência artificial. Essa tecnologia já apresenta bons resultados, e deverá ser aperfeiçoada até se tornar infalível.
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