O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira (25) que o Reino Unido vai permitir a reabertura do comércio a partir do dia 15 de junho, com exceção de restaurantes.
Nesta fase, todo tipo de loja poderá abrir as portas. Feiras e mercados ao ar livre vão voltar ainda antes, no dia 1 de junho, já que, segundo Johnson, não representam grande risco de propagação do novo coronavírus.
Porém, ainda não há previsão para o retorno dos salões de beleza, do setor hoteleiro e dos restaurantes. Estes estabelecimentos permanecem fechados sem qualquer perspectiva de retorno.
Medidas obrigatórias
Durante o anúncio, o líder britânico pediu que os cidadãos “se sintam confiantes para comprar com segurança e seguir as regras de distanciamento social”. Para isso, o governo local preparou uma cartilha (em inglês) com uma série de medidas a serem adotadas pelos lojistas.
A primeira diretriz para que os estabelecimentos funcionem é que calculem quantos consumidores podem entrar nas lojas mantendo uma distância mínima de dois metros entre si. A partir desse cálculo, os comerciantes devem limitar a entrada das pessoas nas lojas.
O atendimento ao consumidor deve sofrer grande impacto no país. A cartilha do governo diz aos varejistas que incentivem os clientes a comprarem sozinhos e limitar o atendimento pessoal. Quando for necessário que os vendedores ajudem o cliente a pegar um objeto pesado, por exemplo, é preciso que os lojistas designem colaboradores específicos para esta tarefa, evitando que muitos colaboradores toquem nos produtos.
Antes de reabrir as lojas ainda precisam checar seus sistemas de ventilação para identificar pontos de melhoria e gerar ambientes mais arejados. Em locais com sistemas de ar condicionado centralizados é necessário que o lojista procure os gestores do estabelecimento para ter certeza que os equipamentos estão com a manutenção em dia.
O documento do governo britânico ainda dispõe sobre quem deve ir trabalhar, equipamentos de proteção individual e gerenciamento dos colaboradores.
Queda na curva de contaminação
O anúncio da reabertura do comércio britânico vem depois da queda do número diário de contaminação COVID-19 contabilizados no país.
O número de mortes por coronavírus no Reino Unido em apenas um dia já chegou perto de 1.200 e se manteve acima de mil por oito dias.
Agora, depois de mais de dois meses de isolamento social, o país vê a curva de contaminação cair drasticamente. Nesta segunda-feira, 121 pessoas que testaram positivo para o vírus morreram no Reino Unido. Ao todo, 36.914 contaminadas pela COVID-19 já morreram no país.
Os mais afetados a reabrir na Europa
Reino Unido e Itália são os países europeus mais afetados pelo novo coronavírus a permitir a reabertura do comércio. A Espanha, segundo europeu com mais casos da doença, tem um modelo de desconfinamento gradual, divido por regiões.
Há uma série de diferenças entre os modelos italiano e britânico de reabertura.

No último dia 18 de março, a Itália, terceiro país europeu mais afetado pela COVID-19, já havia dado a autorização para que o varejo abrisse as portas. Diferente do Reino Unido, os restaurantes e salões de beleza italianos foram reabertos simultaneamente aos outros estabelecimentos.
Outra diferença entre os países é que a Itália adiantou a reabertura do comércio, enquanto o Reino precisou adiar. O plano inicial na Itália era abertura das lojas somente no dia 1 de junho. No Reino Unido, o plano de reabertura, divulgado no início de maio, previa reabertura total até o dia quatro de junho – a previsão incluía salões de beleza, restaurantes e até cinemas.
Os britânicos não adotaram uma medida tomada pela maioria dos países que deixaram o confinamento: o freio de emergência. Alemanha, Nova Zelândia e Itália estão voltando à normalidade dando a seus líderes a prerrogativa de revogar as medidas de relaxamento da quarentena caso a curva de contágio volte a crescer.
O primeiro-ministro italiano deu aos governadores liberdade para decidir sobre as medidas em suas regiões. Mas, se os casos de contágio voltarem a subir no país, Giuseppe Conte tem o direito de revogar as decisões das regiões. No plano britânico anunciado nesta segunda-feira não há menção a um dispositivo similar.
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