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A reengenharia da civilização

A reengenharia da civilização

A tecnologia avançou o suficiente para redesenhar a forma pela qual a civilização responde às necessidades humanas. O SXSW trouxe essa bandeira

A promessa da vida moderna é nos fazer todos mais felizes, mas não necessariamente mais saudáveis. Toda uma engrenagem da sociedade de consumo nos estimula a comprar e a buscar compensações que nos afastem da tristeza ou, ao menos, não nos deixe contaminar por ela.

Essa engrenagem passa por alimentação com menos calorias, duas geladeiras em casa, alimentação orgânica e, ainda assim, vivemos um momento no qual doenças como a diabetes, o câncer e a demência aumentam sua incidência em termos absolutos.

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O SXSW trouxe essa discussão para a mesa no painel: “A saúde é premissa: Como a tecnologia pode remodelar a vida humana”, que reuniu Nicholas Chim, Head do do laboratório de modelagem do Sidewalk Labs, Karen DaSalvo, professora de estudos de saúde pública do Departamento de Saúde Pública dos EUA, Thomaz Goetz, Chefe de Pesquisa da GoodRx e Ryan Panchadsaram, sócio da Kleiner, Perkins, Caufield & Byers. Todos, de certa forma, estão envolvidos com as questões relacionadas a saúde pública e o uso de tecnologia em favor da vida humana.

Onde vivemos e como vivemos são fatores hoje que permitem uma abordagem diferente para solução de problemas. O uso do design para compreender de que modo comemos, moramos, vivemos em comunidade e nos movemos está relacionado ao atendimento de nossas necessidades básicas. Há muitas oportunidades para desenvolver soluções simples, de apps a wearables que podem simplesmente remodelar os padrões com que nossas civilizações lidam com a saúde e o bem-estar.

Dilemas da saúde

Thomaz Goetz pergunta por que é difícil para a humanidade colocar a questão da saúde em nova perspectiva? Por que, ao buscar a felicidade, negligenciamos nosso corpo e nossa mente? DeSalvo, como médica e hoje engajada em políticas de saúde pública, diz que as pessoas estão completamente envolvidas com seus desafios particulares, econômicos, profissionais, e são descrentes diante de sistemas de saúde destroçados nos mais diferentes países.

Ela acredita que clínicas organizadas em conjunto com as comunidades, compreendendo necessidades básicas das pessoas de maneira próxima, podem ser um bom caminho para atender e servir. “É necessário pensar no ambiente como um todo, nas áreas de lazer, na presença de verde, na atuação próxima da comunidade porque as pessoas estão pedindo uma vida melhor”. DeSalvo diz que a principal crítica que recebe dos cidadãos, em sua função, é que governos constroem hospitais, mas não pensam em saúde.

O enfoque da médica é correto. Projetado para a realidade brasileira, é sempre prioritário construir estruturas e não mantê-las funcionando a contento.

Design das cidades

Chim, por sua vez, diz que é necessário compreender o design que orienta a vida nas cidades. De que forma podemos tornar cidades mais acolhedoras? Panchadsaram diz, que na perspectiva de um investidor, empresas de saúde podem ser tremendamente disruptivas, oferecendo soluções mais inteligentes para permitir que pessoas vivam melhor, movam-se melhor, comam-na melhor, para que a convivência seja melhor.

Goetz critica a visão que governos têm de infraestrutura. É o que ele chama de divisões de espaço: “a circulação não é somente permitir que as pessoas vão de espaços e áreas residenciais para áreas comerciais, mas tornar as regiões acessíveis entre si. Moro em São Francisco e sei o quanto é crítico desenvolver sistemas de mobilidade eficazes em uma cidade que cresce rapidamente”.

DeSalvo fala que a infraestrutura precisa ser pensada em termos de deixar as pessoas mais seguras e mais saudáveis, diminuindo os riscos de viver em comunidade. Um clamor popular que no Brasil, manifestou-se na recente intervenção no Rio de Janeiro. Viver com segurança é também vetor de saúde pública.

Há muito trabalho de coleta de dados, nos EUA, em localidades periféricas. É possível atuar em conjunto com a comunidade local, desenvolvendo soluções que possam ser testadas e depois replicadas em escala maior, em grandes cidades. Mas normalmente essa visão passa ao largo das políticas públicas, normalmente interessadas em mostrar resultados vistosos.

Comida saudável: dificuldades

E o que significa oferecer boas escolhas de bem-estar para as pessoas? Faz sentido oferecer produtos ruins, que fazem mal à saúde? Panchadsaram diz que há investimentos em novas formas de oferta de proteínas, aplicando inovação que façam hambúrgueres, salsichas e embutidos, alimentos de baixo custo serem mais ricos do ponto de vista nutricional. Aplicar inovação na forma como comemos é uma excelente linha de pesquisa.

Chim diz que designers, engenheiros de produtos e pesquisadores precisam ter em mente o que vai agradar 80-90% das pessoas. É sempre difícil apostar em ideias que não tenham aderência à uma grande massa. De nada adianta criar um hambúrguer super-saudável que tenha um sabor ruim?

As pessoas querem fazer escolhas melhores

O debate avançou para o cenário de como pessoas tomam decisões. Elas buscam informação no Google, comentam umas com as outras porque não encontram boas fontes de informação no mercado em geral.

Chim comenta que em Chicago há um programa chamado “Park time”, que estimula pessoas a conviverem e conversarem nos parques da cidade. Um aplicativo orienta pessoas a se conhecerem e a se encontrarem nesses parques, com o propósito de redimensionar os padrões de convivência, resgatado vínculos e a proximidade que se perdem no ritmo de vida moderna.

Por outro lado, é possível gerar dados que possam ser usados para beneficiar a comunidade. O produto das discussões pode reorientar públicas, na medida em que os assuntos mais discutidos, no âmbito da comunidade, a partir do que se compartilha no app, serve como guia.

As doenças modernas precisam ser combatidas de uma forma que permita realmente diminuir os riscos de estarmos vivos. O uso dos dados, nos limites de um novo entendimento da privacidade, pode permitir novas abordagens para a saúde pública. É preciso cuidado para que governos não se tornem arrogantes no sentido de propor medidas derivadas da coleta de dados.

Chim diz que “há oportunidades significativas no uso dos dados, para entendermos como viajam, se deslocam, passeiam, usam o ônibus, acessam a rede de saúde pública, criam seus estilos de vida. O argumento é usar as fontes de dados para orientar políticas de saúde que façam sentido para a pessoas de uma forma menos impositiva é mais inteligente, a partir dos contextos aprendidos na leitura dos dados em suas interações com os serviços públicos em geral”.

É importante que consideremos o quanto essa abordagem cuidadosa dos dados e autêntico espírito público podem gerar uma perspectiva melhor para a saúde das pessoas, conciliando inovações do setor privado em consonância com esforços dos governos. Panchadsaram afirma que “o incentivo aos empreendedores é como serem mais criativos na abordagem das questões de saúde, para que elas efetivamente resolvam problemas da saúde e trabalhem em favor das pessoas”.

Investimento responsável

Há muito aprendizado aqui. Em ano eleitoral, ao invés de pensarmos em candidatos que digam que “investirão em saúde e educação”, é o caso de exigirmos que mostrem como entendem a saúde nas diferentes comunidades e o contexto que emerge das necessidades reais das pessoas.

“Quanto dinheiro investimos em doenças e quanto deixamos de investir na infraestrutura que previne a doença?”, questiona DeSalvo. Há uma tremenda oportunidade para investidores que destinem recursos para tecnologias que ajudem na prevenção de doenças e preencham as lacunas existentes na vida de diferentes comunidades, identificada pelo estudo dos dados originadores nesses ambientes. Isso significa investir com responsabilidade. Nossa saúde agradece.

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