Aquele perfil de recrutador carrancudo que mais parece um investigador está ultrapassado. As áreas de recursos humanos precisam entender que os tempos mudaram e que cada vez mais os aspectos comportamentais se sobressairão aos pontos técnicos dos profissionais.
Pelo menos, é o que afirmam os executivos Patrícia Pugas, diretora de gestão de pessoas do Magazine Luiza, Jorge Jubilato, diretor de recursos humanos do Roldão, Alexandre Tatagiba, gerente de desenvolvimento humano do RH Fashion e Haline Aquino, diretora de relacionamento da GPTW Brasil. “Os consumidores evoluíram, mas a área de recursos humanos deu uma parada no tempo”, diz Aquino, da GPTW, Brasil.
Em debate organizado realizado na BR Week 2017 na terça-feira (27), todos afirmam trabalhar para desenvolver os seus processos de recrutamento. Não só para diminuir o índice de turnover das companhias, mas para também buscar pessoas que tenham valores similares aos das empresas.
“Na área de recursos humanos ficou compreendido que dois terços das demissões ocorrem por questões comportamentais e não técnicas”, afirma Pugas, da Magazine Luiza.
Para Tatagiba, da RH Fashion, a desmotivação pode surgir não pela incompetência ou falta de técnica do trabalhador, mas pela falta de conexão entre funcionário e empresa. “Cerca de 70% das pessoas desengajam por conta do seu propósito de vida e os seus valores serem totalmente diferentes da empresa”, diz ele.
Inovar em momento de desemprego
Ao contrário dos anos de pleno emprego no início da década, atualmente não faltam opções de interessados em iniciar em uma nova função. Apesar de trazer um vasto material para a diretoria de recursos humanos, a escolha também fica mais difícil.
Por isso, é necessária disciplina na hora da contratação, pois há momentos em que um funcionário menos qualificado tecnicamente pode ser um solução melhor do que um concorrente mais preparado. “A parte técnica se desenvolve, mas a essência e os valores pessoais do funcionário dificilmente mudarão”, afirma Tatagia, da RH Fashion.
Quem deu um grande exemplo dessa dificuldade foi Jubilato, diretor do Roldão. Ele conta que teve um momento em que uma de suas unidades abriu 250 vagas de uma vez. O anúncio foi feito pelo Facebook. No dia seguinte, mais de 2,5 mil pessoas faziam fala para concorrer por uma das posições.
“Se você não pensar no propósito das pessoas, vai contratar errado e isso vira perdas financeiras lá na frente”, afirma ele.
Uma das principais responsáveis em identificar os melhores lugares para se trabalhar, Aquino, da GPTW Brasil, lembra que o desafio das empresas está longe de ser a atração, ainda mais em um momento de crise como o atual.
“A retenção deve ser sempre um dos pontos mais importantes a serem pensados e observados”, diz ela.