Com o surgimento da pandemia do novo coronavírus, muitos intercâmbios foram cancelados pelo mundo, afetando diretamente a indústria de turismo e os planos de estudantes e profissionais. Pensando em uma situação mais segura e estabilizada para todos, a maioria das Instituições optou por adiar as viagens para o segundo semestre de 2021.
A restrição de entrada para brasileiros em diversos países, também afetou a previsão de estudos no exterior. Nos EUA, por exemplo, a situação dos estudantes se mantém delicada, principalmente, depois da aprovação das novas normas de imigração, que impede os alunos estrangeiros, com o próximo semestre confirmado de forma remota, permaneçam no país.
“Esses estudantes vão ter que deixar os EUA, sem contar que aqueles no aguardo do visto, terão o mesmo negado. É um período muito difícil para pensar em um intercâmbio presencial. A opção é adiar, ou se manter muito informado sobre o que está acontecendo em cada país antes de tomar qualquer decisão”, orienta Lourdes Zilberberg, Diretora de Internacionalização da Faculdade Armando Alvares Penteado (FAAP).
Não desista, fique atento aos cuidados
Muitas pessoas estão inseguras com a situação, mas, apesar do atípico cenário em que estamos inseridos, o intercâmbio continua sendo de grande importância para colher novas visões de mundo, diferentes perspectivas, culturas e experiências com outros idiomas. Os ganhos são muitos, tanto para a vida pessoal, quanto para o futuro profissional. Por isso, se você está pensando na possibilidade, não desista. Pense em como reorganizá-la para um futuro próximo.
Segundo uma pesquisa recente do The Student World, 83% de 4,5 mil entrevistados afirmam que ainda planejam fazer um intercâmbio após a pandemia. Para Zilberberg, os dados só comprovam que o estudo no exterior é altamente benéfico e possibilita competências interculturais e globais. “Além de aperfeiçoar a língua, o estudante adquire uma série de conhecimentos, desenvolve certas habilidades e atitudes que fazem dele uma pessoa altamente qualificada para atuar em ambientes multiculturais”, afirma a acadêmica.
Para realizar o programa no pós-pandemia é necessário tomar alguns cuidados com escolha do local, higiene e a política de migração, como no caso do Brasil, que é o epicentro mundial da pandemia atualmente. “Pensar em destinos alternativos, bons e mais acessíveis do ponto de vista econômico, pode ser uma opção para realizar o sonho do intercâmbio. Portanto, pesquisar bem, verificar a situação do país antes de fechar qualquer programa no exterior e pensar em em opções só para 2021, a partir do segundo semestre em diante, é fundamental”, diz a especialista.
Vale a pena investir no intercâmbio virtual?
Por outro lado, em tempos de isolamento social, as opções de intercâmbio virtual ganharam repercussão. No entanto, a mesma pesquisa aponta que, 80% dos entrevistados, não desejam substituir a experiência presencial por um programa de estudos on-line.
Segundo Loures, o ambiente virtual é uma boa alternativa para conseguir novos aprendizados nesse momento, mas não pode substituir a emoção de uma viagem marcante e o contato físico com outras pessoas. “Não acredito que o intercambio virtual ou atividades virtuais, tais como os COILs-Collaborative Online International Learning venham a substituir os intercâmbios presenciais ou convencionais. São alternativas e boas opções para internacionalizar o campus e o currículo dos cursos, o que em inglês denominamos Internationalization at Home (IaH)”, comenta.
Contudo, a possibilidade de fazer um intercâmbio ainda não foi totalmente democratizada, apesar de existir viagens mais acessíveis, é uma atividade que requer um gasto alto. Neste sentido, um curso virtual é uma forma extremamente importante de alguns alunos conseguirem desenvolver novas competências interculturais. A Universidade de Harvard, por exemplo, foi uma das instituições que abriu diversos cursos de forma gratuita na quarentena.
No caso da FAAP, iniciativas de mobilidade virtual, para que o aluno possa participar de um curso EAD no exterior, também são oferecidas. “Temos o intercâmbio virtual quando a instituição, no Brasil, realiza atividades de cooperação on-line com uma instituição no exterior. A disciplina ministrada em conjunto é internacional porque tem professores e alunos de vários países e normalmente acontece em outra língua, como o inglês, por exemplo”, afirma Loures.
Dica de sucesso
Para a especialista, ambos programas são valiosos. Seja em uma opção virtual, ou presencialmente quando a pandemia passar, o mais importante é ter foco, ser curioso, buscar novos aprendizados, interagir e se comunicar. Desta forma, construir uma carreira de sucesso será mais natural.
“É importante desenvolver um networking ativo com pessoas de diversas culturas e eu diria também de diversas gerações. A crescente competitividade do mercado de trabalho, as incertezas do mundo em constante mudança e transformação, no pós-pandemia e na quarta revolução industrial, fazem com que cada vez seja mais necessário mostrar nosso talento, aquilo que temos de diferente e de especial”, conclui.
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