O bem-estar corporativo deixou de ser um “benefício extra” para se tornar pauta estratégica nas empresas. Um novo estudo global da plataforma Wellhub revela que, para os CEOs, o maior desafio das iniciativas que promovem qualidade de vida não é o custo, mas o engajamento real dos colaboradores. A pesquisa “ROI do Bem-Estar 2025: A Visão dos CEOs”, realizada com mais de 1.500 líderes em dez países, mostra que o sucesso dessas iniciativas depende diretamente da adesão real dos times e do exemplo que parte da própria liderança.
Segundo o relatório, 82% dos CEOs entrevistados afirmam já ter observado retornos positivos nos investimentos em bem-estar, com destaque para a retenção de talentos (73%), redução de custos com saúde (68%), diminuição do absenteísmo (67%) e aumento da produtividade (56%). Para muitos executivos, o bem-estar deixou de ser um “benefício extra” e passou a ocupar um papel estratégico nas metas do negócio.
“O grande desafio é garantir que esses investimentos realmente gerem engajamento e resultados concretos”, afirma Ricardo Guerra, líder do Wellhub no Brasil. Segundo ele, empresas que adotam o modelo do Wellhub têm alcançado taxas de engajamento entre 50% e 60% dos colaboradores, um índice muito acima da média nacional, onde apenas 6% dos brasileiros com mais de 15 anos estão matriculados em academias. “Quando bem implementados dentro das organizações, os programas de bem-estar têm o potencial de mobilizar um número muito maior de pessoas do que a média nacional, justamente por estarem inseridos em um contexto de apoio e incentivo coletivo”, afirma.
Descompasso entre líderes e equipes
O estudo também revela uma disparidade na percepção de bem-estar entre diferentes níveis hierárquicos. Enquanto 93% dos CEOs classificam sua saúde e bem-estar como bons ou excelentes, apenas 63% dos colaboradores compartilham da mesma avaliação.
O envolvimento direto dos executivos, segundo a pesquisa, é um dos fatores que mais influenciam o aumento dos investimentos na área. “Quando os próprios CEOs experimentam os efeitos positivos do bem-estar, eles se tornam seus principais promotores dentro da empresa”, destaca Guerra.
A pesquisa aponta ainda que os modelos de trabalho flexíveis se consolidaram como uma demanda real, inclusive entre os próprios CEOs. Para 58% dos entrevistados, ter mais liberdade na agenda melhoraria seu bem-estar. Já 45% acreditam que a flexibilidade é essencial para o sucesso de qualquer iniciativa voltada à saúde organizacional.
O que os CEOs pensam sobre bem-estar?
- 60% dos CEOs afirmam com convicção que é responsabilidade da empresa cuidar do bem-estar dos colaboradores.
- 97% concordam, ao menos em parte, com essa responsabilidade.
- Para metade dos líderes (50%), o bem-estar já é tão importante quanto o salário.
- 58% acreditam que o bem-estar é um fator essencial para o sucesso financeiro da empresa.
- 74% dos CEOs acreditam que profissionais nem considerariam trabalhar em suas empresas se o bem-estar não fosse prioridade.
- 66% dizem que colaboradores deixariam a empresa por falta de ações claras nesse campo.
Recomendações práticas para o RH
O relatório também reúne recomendações para os times de Recursos Humanos que buscam fortalecer o bem-estar nas companhias e conquistar apoio da liderança:
- Monitoramento contínuo: CEOs que recebem relatórios frequentes sobre os resultados dos programas têm 58% mais chances de aumentar o orçamento da área.
- Foco em resultados de negócio: Vincular bem-estar a indicadores como produtividade, retenção e economia em saúde facilita a priorização dos investimentos.
- Programas-piloto com dados: Projetos menores e orientados por métricas ajudam a demonstrar eficácia e justificar a ampliação.
- Engajamento da liderança: A participação ativa dos executivos impulsiona a adesão dos colaboradores.
- Combate ao ceticismo com dados: Evidências concretas ajudam a transformar dúvidas sobre ROI e adesão em apoio estratégico.
“Ao priorizarem sua própria saúde de forma visível, eles ajudam a transformar as políticas organizacionais em cultura”, afirma Guerra.