O avanço da automação nas empresas ao redor do mundo tem resultado em discussões globais sobre o futuro do emprego. Os mais otimistas defendem a tese de uma coexistência entre homem e máquina, onde eles nos auxiliariam a tomar as melhores decisões no trabalho com base na alta capacidade de fazer cálculo e associações matemáticas. Nesse sentido, alguns empregos deixam de existir, mas outros serão criados. Há, por outro lado, um grupo de pessoas preocupadas com esse avanço dos robôs. E nele está Bill de Blasio, prefeito da cidade de Nova York e pré-candidato à presidência em 2020 pelos Democratas.
No último final de semana, a revista Wired publicou um artigo assinado por ele: “Por que os trabalhadores americanos precisam ser protegidos da automação?”.
Ele narra, entre outras coisas, o exemplo de uma empresa japonesa chamada FANUC, que é fabricante de peças de computadores e tem em sua lista de clientes nada menos que Tesla e a Apple. Segundo ele, a fábrica está 100% automatizada, funciona 24 horas por dia e pode ficar até 30 dias sem qualquer tipo de supervisão humana.
Ele cita ainda números de uma pesquisa que afirma que 36 milhões de empregos poderão ser automatizados nos EUA nas próximas décadas. “Como prefeito de Nova York e candidato a presidente focado nas necessidades dos trabalhadores, vi em casa e em todo o país que os trabalhadores podem se beneficiar dessas mudanças tecnológicas, mas não podemos deixar que os empregos americanos sejam substituídos por eles. É por isso que estou propondo hoje um novo plano para proteger os trabalhadores americanos e garantir que todos participemos dos ganhos do avanço tecnológico”, diz ele no artigo.
O plano de Blasio
A ideia do prefeito de Nova York consiste em duas frentes. A primeira é criar a chamada Agência Federal de Automação e Proteção ao Trabalhador (que teria a sigla em inglês FAWPA), para supervisionar a automação e salvaguardar empregos e comunidades.
Segundo ele, a FAWPA tentaria buscar alternativas a automação, que poderia ocorrer por meio da oferta de um novo cargo na companhia e com salário igual ou o pagamento de uma justa indenização.
Outra proposta, e talvez a mais polêmica, cria um “imposto sobre robôs” para as grandes empresas que buscam a automação. “Eles seriam obrigados a pagar cinco anos de impostos na folha de pagamento antecipadamente para cada funcionário eliminado. Essa receita entraria diretamente em uma nova geração de projetos de infraestrutura com alto emprego e novos empregos em áreas como assistência médica e energia verde que proporcionariam novo emprego. Aos trabalhadores deslocados seria garantido novos empregos criados nesses campos com salários comparáveis”.
Polêmica
A medida, claro, gerou controvérsia. Há especialistas no assunto que fazem o seguinte raciocínio: se a taxação seria orientada para as empresas com um grande número de funcionários e que pensam na automação, logo é de se supor que o alvo seriam as companhias mais antigas e em processo de transformação digital. Será que esse tipo de medida não poderia beneficiar justamente as empresas que já nasceram digitais e possuem processos automatizados já bem definidos?
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