Mais uma vez, o Banco Central reduziu a taxa Selic. Agora, a taxa básica da economia ficou em 11,25% ao ano. Esta é a quinta redução seguida. A decisão foi comemorada pelas principais entidades representativas do varejo.
“É um corte muito bem-vindo. Com a queda de preços já dentro da meta para o ano, é preciso reduzir rapidamente a diferença entre a Selic e a inflação. Mais do que isso, a decisão do BC é uma ação concreta para alavancar a retomada da economia e, principalmente, conter o desemprego”, afirmou Marcel Solimeo, superintendente institucional da ACSP (Associação Comercial de São Paulo).
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A comemoração tem razão de ser. A taxa Selic é a “taxa mãe” das taxas de juros. Ela direciona o mercado para as taxas cobradas em operações de crédito, como empréstimos, cartões de crédito, cheque especial e toda e qualquer operação que envolve pagamento à prazo.
Quando a Selic cai, as taxas cobradas pelo mercado também caem – barateando as compras à prazo. Crédito mais em conta estimula o consumo. Alguns segmentos do varejo, particularmente, ganham muito mais com isso. É o caso daqueles que têm ticket médio mais alto, como eletroeletrônicos, veículos, móveis e material de construção.
Estímulo ao consumo
“Taxas de juros mais baixas reduzem o custo do crédito para todos, estimulando o consumo por parte das famílias e o investimento por parte do empresariado”, explicou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior. “Ao contrário do que houve entre 2011 e 2013, quando o BC derrubou as taxas com intensidade maior do que a justificada pela conjuntura da época, neste momento há um ambiente propício para um ciclo consistente e seguro de redução de juros”, disse.
Segundo a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), “o movimento de corte de juros poderia ter começado um pouco antes”.
“O nível de atividade econômica, ainda muito instável, também precisava desta maior velocidade na redução da Selic, que fica mais próxima de terminar o ano de 2017 abaixo dos dois dígitos”, avaliou.
Isso porque a inflação segue em queda. Os preços altos foram os principais motivos para a elevação da Selic nos últimos dois anos. Juros mais alto seguram o aumento dos preços. Agora, com a inflação crescendo em ritmo bem mais lento, as entidades não veem motivos para uma taxa de juros alto.
É preciso mais
Para a FecomercioSP, a queda dos juros, “além de baratear mais rapidamente o custo da dívida do Governo, auxilia o País a enfrentar os efeitos de uma situação recessiva sem precedentes”
O presidente da Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), Emerson Luiz Destro, disse que a queda está em linha com as expectativas. Contudo, acredita que o movimento ainda não é suficiente.
“Apenas essa boa notícia não terá a capacidade de impulsionar a retomada do crescimento, dados os muitos desafios que enfrenta o país. Juros mais baixos são um bom começo, mas o consumo não responderá a eles se o desemprego continuar nas alturas, e se a confiança do empresariado e sua intenção de investimento estiverem minadas pela insegurança jurídica ou pela irracionalidade do sistema tributário que hoje vigora”, disse.
O presidente do SPC Brasil analisa que os sinais de retomada do controle inflacionário e a lenta recuperação econômica reforçam a percepção de que o ciclo de sucessivas quedas da Selic deve se manter ao longo de 2017, chegando inclusive ao patamar de um dígito ao final do ano. “A atual equipe econômica tem construído credibilidade, fato de grande importância para a ancoragem de expectativas. A isso se soma a recuperação mais lenta da atividade econômica”, afirmou.