Desde a chegada de Pokémon GO, ao Brasil, muito tem sido discutido sobre os benefícios da brincadeira e também sobre os seus limites. Se, por um lado o jogo tem sido usado por hospitais como estímulo para crianças doentes saírem de seus leitos e tem contribuído para a interação social de muitas pessoas, por outro, Pokémon Go tem causado polêmica por impactar negativamente alguns aspectos da vida de seus usuários. Sobretudo no âmbito profissional.
Daí surge uma dúvida não só na cabeça dos gestores de equipe, mas também para os profissionais de TI – bloquear Pokémon GO na rede corporativa é a solução? Apesar de existirem maneiras relativamente simples de bloquear o jogo, a resposta é não. Com o jogo baixado no celular e uma conexão 3G ou 4G, qualquer pessoa pode jogar, independente das restrições que a rede da empresa possa ter. O bloqueio via firewall ou direto na rede corporativa é inútil, servindo apenas para demarcar a posição do gestor em relação à questão.
Diversas empresas têm se preocupado com a queda de produtividade de seus funcionários desde o lançamento do game. A matriz da Volkswagen, na Alemanha, proibiu seus funcionários de jogarem Pokémon GO durante o expediente, sob o risco de demissão por justa causa. De acordo com a empresa, a justificativa para tal medida tem a ver com o risco de acidentes. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos também proibiu seus funcionários de caçarem os monstrinhos virtuais nas dependências do Pentágono. E o exército brasileiro foi pela mesma linha.
Segundo especialistas, a CLT prevê demissão por justa causa também em casos de baixa produtividade, sobretudo se esses estiverem relacionados a uma distração externa à dinâmica do trabalho. As empresas investem para contratar bons profissionais, que busquem atingir suas metas e saibam gerenciar seu próprio tempo. Restringir o acesso dos profissionais a qualquer tipo de conteúdo não deveria ser uma preocupação de um gestor.
Teoricamente um colaborador conhece suas responsabilidades e deve conseguir manter o trabalho em primeiro plano. Portanto, educar a equipe é a solução mais viável. Com uma boa conversa, é possível engajar o time nas tarefas do dia a dia e, ao mesmo tempo, se aproximar da equipe. Convencer os colaboradores a jogar com parcimônia, de forma a não afetar a produtividade pode, naturalmente, gerar empatia, sem a necessidade de envolver a equipe de TI da empresa.
O julgamento de cada um vai traçar o seu caminho. Aqueles que exagerarem terão sua produtividade claramente afetada. Nestes casos, o gestor pode, então, ter uma conversa mais direta para colocar as coisas no eixo e, se necessário, lançar mão do respaldo legal que a CLT oferece.
Thiago Madeira de Lima é CEO da Penso Tecnologia, uma empresa com dezenas de Mestres Pokémon, e pai de dois