Para o desenvolvimento sustentável empresarial a ética é o pilar de sustentação básico para qualquer estratégia, parceria, projetos ou atividades. Sem ética, a sustentabilidade fica comprometida e corre o risco de ser somente um lindo processo escrito num relatório com fotos e gráficos.
Mais difícil do que ter um código numa empresa é o processo de engajamento de funcionários, treinamento, acompanhamento e auditorias das práticas que não são consideradas éticas numa organização.
Acionistas de grandes empresas estão cada dia mais preocupados com as tais questões, pois elas garantem também, o retorno financeiro do seu investimento nas ações da empresa. Os investidores compram a prosperidade financeira, ética e sustentável da companhia por meio de papéis de ?futuro?, com isso, ganham se acertarem em quais ?histórias empresariais de futuro? investir.
O envolvimento político responsável é um dos temas que o Instituto Ethos coloca em seu rol dos indicadores de uma empresa mais sustentável e responsável. Pensar, implementar e controlar por meio de um plano de ações, nas questões relacionadas a contribuições para campanhas políticas e envolvimento no desenvolvimento de políticas públicas é fundamental como práticas de operação e gestão.
Práticas anticorrupção são fundamentais para coagir qualquer tipo de ação que vá contra os valores e códigos da empresa. Controlar esta prática ao longo de toda cadeia produtiva, passando pelos fornecedores e chegando ao consumidor final é fundamental para que as ?histórias de futuro? da empresa tenham mais solidez e veracidade.
Interessantes e atuais estes temas para as grandes empresas nacionais e multinacionais que possuem equipes e departamentos para tais controles e treinamentos de códigos de conduta e anticorrupção. Mesmo assim, de vez em quando falham. Mas, e as pequenas e médias empresas, não têm problemas com as questões éticas, de corrupção e de valores deturpados?
Sim, com certeza, a qualquer momento alguém da sua equipe pode dar uma ?escorregada? num dinheiro fácil ou numa ação que seja facilitada. Ou mesmo você, empreendedor, que se sente desconfortável numa negociação que pode ser a salvação da sua empresa.
O caráter e os princípios dos empreendedores muitas vezes espelham a conduta da pequena e média empresa. A liderança, por exemplo, em organizações como estas, é fundamental para que o conjunto de valores morais e princípios norteiem as posturas comportamentais dos seus colaboradores.
Uma ferramenta essencial para este tipo de acordo, do que pode e o que não pode fazer, é o código de ética e conduta. Um documento simples que pode ser entregue na hora da contratação do funcionário. Fazendo com que ele leia e assine um documento dizendo que concorda com estas normas. E, pelo menos uma vez por ano, o documento pode ser revisto juntamente com a equipe e feito uma reciclagem sobre os temas.
Um ambiente de controle é necessário, nada muito complexo, porém, um canal de comunicação para possíveis problemas e queixas, se faz importante. Talvez um e-mail, ou simplesmente uma pessoa que receba os possíveis desvios de conduta. E, obviamente, que vá verificar e dar andamento ao processo.
Parece difícil? Mas, necessário, principalmente no momento em que a empresa começa a crescer e os relacionamentos passam de pessoais para departamentais ou processuais.
Portanto, caro empreendedor, se você abriu uma empresa porque estava cansado de trabalhar num modelo e com valores que não acreditava e não concordava, está na hora de começar a fazer a diferença e com valores empresariais consistentes.
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Marcus Nakagawa é sócio-diretor da iSetor, professor da ESPM, idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps (Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade).