Engenheiros da Universidade de São Paulo desenvolveram um novo tipo de plástico biodegradável feito de mandioca. Os pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em Piracicaba (SP), e Escola Politécnica (Poli) utilizaram uma técnica com gás ozônio para processar o amido e melhorar as propriedades do plástico.
O resultado é um produto mais transparente e resistente, que poderá ser usado em diversos tipos de embalagens. O método já teve a patente requerida para promover a transferência da tecnologia para a indústria.
De acordo com o professor Pedro Esteves Duarte Augusto, coordenador do Grupo de Estudos em Engenharia de Processos da Esalq, a procura por alternativas renováveis na indústria é crescente.
“Uma das possíveis matérias-primas para a produção desses plásticos é o amido, ingrediente natural obtido de vegetais como milho, mandioca, batata, arroz, entre outros”, comenta.
Segundo o professor, embora o grupo já tenha desenvolvido trabalhos com as tecnologias de ultrassom e irradiação, os estudos com modificação de amidos com ozônio têm resultado em diversas aplicações, como a melhoria da expansão no forno e impressão 3D.
Ozonização
A pesquisadora boliviana Carla Ivonne La Fuente Arias, engenheira química e de alimentos, foi integrante do processo de desenvolvimento do material e aponta o uso do ozônio como inovador na produção.
“Trata-se de uma tecnologia verde, amigável com o ambiente. Esse é o foco, modificá-lo com o ozônio de maneira a melhorar suas propriedades na forma nativa. Produzimos assim esse plástico biodegradável e, mesmo ainda na etapa inicial, já obtivemos um produto de boa qualidade. A próxima etapa, a ser executada na Poli, é a produção em escala semi-industrial”, explica.
Entre os benefícios do novo produto estão maior resistência, transparência e permeabilidade. “O processamento dos amidos com ozônio permitiu a obtenção de filmes plásticos mais resistentes e homogêneos, com diferente interação com a água e, em alguns casos, melhor transparência”, detalha Carla.
Os resultados do estudo foram publicados no artigo científico Ozonation of cassava starch to produce biodegradable films, na revista International Journal of Biological Macromolecules.
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