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Financeiro das empresas não acompanha avanço da IA; ‘Precisamos agir’, diz VP

Financeiro das empresas não acompanha avanço da IA; ‘Precisamos agir’, diz VP

Especialistas apontam desafios de alinhar ciclos financeiros ao ritmo acelerado da IA e exploraram novos modelos para garantir competitividade e inovação contínua.

Como manter o planejamento financeiro alinhado ao ritmo acelerado da Inteligência Artificial (IA)? Esse é um dos desafios mais críticos para a inovação. Empresas e universidades precisam repensar suas abordagens para garantir competitividade e avanços científicos. “Se continuarmos usando ciclos financeiros desatualizados, é como tentar competir na Fórmula 1 com o mesmo carro por cinco temporadas e ainda esperar acompanhar o pelotão”, compara Bill Maio, vice-presidente sênior de TI para Pesquisa da Bristol Myers Squibb.

A fala do executivo foi durante o painel “Em um mundo de ciclos tecnológicos de um ano, o planejamento financeiro tradicional pode acompanhar?”, no NVIDIA GTC 2025. O debate mostrou que o tema é considerado urgente e impacta desde indústrias farmacêuticas até instituições acadêmicas.

A evolução de GPUs, CPUs e redes tem proporcionado ganhos expressivos de desempenho. Porém, esse progresso também cria desafios estruturais, já que os ciclos de atualização tradicionais costumavam ocorrer em intervalos de cinco anos ou mais. Agora, empresas e universidades precisam repensar suas estratégias para não ficarem para trás.

“O conceito de que ‘biologia é computação’ só se concretizará se a infraestrutura tecnológica evoluir constantemente. Estimamos que ainda estamos dez ordens de grandeza abaixo do que precisamos para avançar no desenvolvimento de medicamentos por IA. Isso significa que não podemos esperar uma década para atualizar nossas ferramentas; precisamos agir agora”, alerta Bill Maio.

Richard Zoontjens, líder do Centro de Supercomputação e Tecnologia da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, compartilha da mesma dificuldade no meio acadêmico. “O ciclo de inovação em IA é de dois anos, mas o ciclo tradicional de aquisição de equipamentos é de cinco anos. Isso significa que, após dois anos, ficamos defasados, perdemos talentos e deixamos de inovar”, explica. “Não se trata apenas de comprar novos equipamentos, mas de estruturar um sistema financeiro que acompanhe o ritmo da inovação”, completa.

O papel da NVIDIA na transformação financeira

Representando a NVIDIA, Ingemar Lanevi, chefe de Capital, e Tim Shocley, de vendas globais, abordaram a necessidade de alinhar as estratégias financeiras ao ritmo da IA.

“Muitas empresas ainda não estão prestando atenção a esse aspecto. Nosso trabalho é ajudar os clientes a refletirem sobre a melhor estratégia para gerenciar o ciclo de vida dos investimentos em IA”, pontua Ingemar.

Já Tim destaca que a previsibilidade financeira é um fator essencial. “Não se trata apenas de capital, mas de informação precisa. Analisamos dados do mercado para criar modelos que viabilizem investimentos de longo prazo sem comprometer a capacidade de atualização tecnológica”, complementa.

Flexibilidade, eficiência e novos modelos de negócio

Para Ingemar Lanevi, a evolução da capacidade computacional está diretamente ligada à eficiência do uso do espaço. “Os sistemas estão se tornando cada vez mais famintos por energia. A situação em evolução da capacidade física e do espaço do data center também deve ser considerada”, afirma.

Segundo o executivo da NVIDIA, a melhoria da performance permite que as empresas aproveitem os recursos de forma mais eficiente, reduzindo os requisitos de espaço. “Uma análise que fiz para um cliente mostrou que sete mil servidores A100 podem ser substituídos por um único servidor B200, mantendo a mesma capacidade computacional. Isso tem um impacto enorme na otimização da infraestrutura”, explica.

Tim Shocley destaca a importância da flexibilidade na tomada de decisões. “Não há uma única resposta certa ou errada. O modelo de nuvem pode ser ideal para algumas empresas, enquanto outras preferem infraestrutura própria. O essencial é garantir que a decisão seja tomada de forma informada, considerando tanto as necessidades atuais quanto o futuro em constante mudança”, ponta.

O representante da Bristol Myers Squibb aponta que os investimentos massivos dos hiperescaladores — empresas que fornecem serviços em nuvem de grande porte — não são suficientes para atender à demanda. “Mesmo com centenas de bilhões de dólares em investimentos previstos para os próximos anos, a capacidade de crescimento da infraestrutura é limitada”, alerta Bill Maio. Uma solução possível, segundo ele, é o desenvolvimento de um mercado secundário para infraestrutura de computação de alto desempenho usada.

Soluções paliativas

O líder do Centro de Supercomputação e Tecnologia da Universidade de Tecnologia de Eindhoven destaca ainda que algumas instituições acadêmicas estão adotando abordagens criativas para maximizar seus recursos, como reaproveitar tecnologia de gerações anteriores para projetos menores, otimizando custos e mantendo a pesquisa acessível. “Quando discuti com a NVIDIA sobre gestão do ciclo de vida, percebi rapidamente que um contrato flexível é fundamental. Caso contrário, as instituições acadêmicas correm o risco de perder controle sobre seus próprios processos”, afirma Richard.

Ingemar complementa que, no setor corporativo, a gestão eficiente do ciclo de vida dos ativos pode ser um diferencial competitivo. “Quando fui tesoureiro da NetApp, implementei um programa de leasing para garantir que a empresa permanecesse sempre na plataforma mais moderna. Muitas empresas não são boas em monetizar o valor residual de tecnologias obsoletas, pois não têm incentivos internos para isso. O leasing ajuda a forçar as decisões de atualização no momento certo e a manter o fluxo de caixa saudável”, finaliza.

*Foto: Shutterstock.com

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