Só nos Estados Unidos, os consumidores americanos jogam um bilhão de tubos de pasta de dente Colgate por ano no lixo, que acabam em aterros sanitários. Mas essa história vai mudar. A partir de março deste ano, a Colgate espera que cada tubo de pasta de dente do seu portfólio americano seja reciclável até final de 2023, e globalmente até 2025.
A equipe da Colgate passou mais de cinco anos redesenhando os tubos de pasta da marca para que chegassem ao resultado. Os tubos de plástico da Colgate eram feitos de uma variedade de materiais. E continham uma fina camada de alumínio para manter a pasta de dente fresquinha e saborosa, além de vários outros tipos diferentes de plástico. Porém, a maioria dos programas municipais de reciclagem nos EUA não recebe produtos feitos de materiais mistos para reciclagem.
Greg Corra, diretor mundial de embalagens e sustentabilidade da Colgate-Palmolive, empresa-mãe da Colgate, disse em entrevista a veículos americanos que, “o design dos tubos era focado na funcionalidade e não no que aconteceria com ele no final de sua vida”.
No entanto, com a agenda ESG sendo amplamente debatida no board de grandes indústrias, aliada a pressão de consumidores preocupados com a poluição plástica que está destruindo nosso planeta, iniciativas como a da Colgate começam a despontar.
Para se ter uma ideia, desde que o plástico foi popularizado no início da década de 1950, 8,3 bilhões de toneladas dele foram produzidas. Hoje, segundo estatísticas americanas, geramos 300 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano. Apenas 9% de todo o plástico produzido é reciclado, enquanto 12% é incinerado. Um processo que lança gases de efeito estufa na atmosfera de forma massiva. De outro lado, a grande maioria desse resíduo,79%, acaba em aterros sanitários ou na natureza. Como o plástico não se biodegrada, ele simplesmente se desintegra em pequenos pedaços chamados microplásticos que, por diversos fatores ele acaba em nossos oceanos, envenenando animais e, posteriormente, os humanos.
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O segredo da renovação
A Colgate revela que a chave para essa mudança foi o uso de um único material, para que este possa ser reciclado. A empresa usa polietileno de alta densidade, o mesmo usado para fazer garrafas de detergente. Inicialmente, o problema era que a maioria do PEAD (sigla do material plástico no Brasil) é rígido, dificultando o ato de espremer o tubo para que a pasta de dente saia. No entanto, depois de muitas pesquisas, seu engenheiros perceberam que poderiam colocar diferentes graus de PEAD em camadas, o que permitiu a criação de um tubo fácil de se espremer. Compatível com a reciclagem de PEAD, o novo tubo é classificado como plástico #2. O segredo da renovação da Colgate para tubos de pasta recicláveis estava em misturar e combinar diferentes graus do mesmo material, o que o deixaria reciclável.
A tampa do tubo, no entanto, é feita de polipropileno (ou plástico #5, para reciclagem). Na maioria dos casos, os clientes poderão jogar o tubo e a tampa na lixeira. Mas, como as regras de reciclagem variam de local para local, alguns recicladores preferem que os consumidores removam a tampa antes de descartar o tubo para reciclagem. Por outro lado, o resíduo de pasta de dente deixado no tubo não agride o meio ambiente, já que a pasta de dente é solúvel em água e os tubos são lavados durante o processo de limpeza nos pontos de reciclagem.
A Colgate informou que a nova embalagem reciclável estreará em suas linhas Cavity Protection, Max Fresh Cool, Total Whitening e Optic White. E trará a frase “Recicle-me!”, para alertar os consumidores sobre a importância da reciclagem e o descarte correto.
Consciência e novos hábitos
Mesmo com iniciativas como essa, alguns ativistas argumentam que o melhor seria erradicar o plástico dos produtos completamente, pois, na visão deles, não há garantia de que o consumidor faça o descarte corretamente para a reciclem e, mesmo que o faça, alguns responsáveis pelo processo de reciclagem acabam enviando plástico para aterros sanitários de qualquer maneira. Nesse ciclo, a grande questão é: consumidores e sociedade são capazes de mudar seu comportamento? Parece que em alguns setores da indústria essa consciência já despertou.
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