Estamos entrando no mês de fevereiro. Nada, nada e janeiro já se foi, contabilizando mais um mês no ano longo de 2015, aquele que não quer terminar. A partir daqui, pergunto: o que o seu negócio espera nesses 11 meses restantes do ano interminável?
Antes de sua resposta, já alerto que fiz a pergunta errada. Melhor é perguntar se você pode se permitir avançar a imaginação 11 meses à frente e discutir sobre tudo o que fez (fará) de errado nesse período. Ou seja, dar a si mesmo o benefício da dúvida, de que está prognosticando errado, inserindo esperança e otimismo onde deveria haver mais dados, mais elementos de comparação, mais substância.
Estou sendo um pouco complexo até o momento? Pode ser. O fato é que está na hora de exigir mais de você, leitor. Banalidades estão disponíveis na internet a um clique no Google de distância. Platitudes, obviedades e senso comum inundam as decisões corporativas e não trazem muita utilidade prática. Isso porque fazem você pensar apenas no seu negócio, desprezando o que acontece à sua volta, desprezando incógnitas e possibilidades que vão afetar o seu curso de ação.
ESTÁ NA HORA DE EXIGIR MAIS DE VOCÊ, LEITOR
PLATITUDES, OBVIEDADES E SENSO COMUM
INUNDAM AS DECISÕES CORPORATIVAS E NÃO TRAZEM
MUITA UTILIDADE PRÁTICA
O olhar para dentro é especialmente nocivo em tempos de crise, porque a margem de erro é menor, para não dizer nula. E é exatamente por isso que chamo a atenção para que adote uma visão ?de fora?, externa ao seu negócio e que prepare a sua empresa para reagir diante do imprevisto. Talvez você não saiba, mas o índice de acerto de diretores financeiros em relação às previsões que fazem sobre o desempenho dos negócios que cuidam beira zero (conforme demonstrou um estudo realizado por anos a fio na Duke University, nos EUA). Exatamente: zero. A margem de acerto dos CEOs não é muito melhor. Novos empreendedores têm contra si 99% de chances de verem malograr seus negócios e suas startups. O otimismo, como o senso comum, são péssimos conselheiros.
Talvez você espere que em algum momento desse texto eu sinalize algum conforto sobre como encarar o futuro, esses 11 intermináveis meses. Não. Minha intenção é justamente reiterar a necessidade de você coletar o máximo de dados externos ao seu negócio para orientar e se preparar para torná-lo resiliente diante de um futuro imprevisto. Daniel Kahneman chama isso de melhorar a qualidade das suas decisões.
Falar com consultores também não costuma ajudar, na medida em que eles vão, paradoxalmente, olhar para dentro da sua empresa em busca de soluções. O planejamento estratégico não para em pé senão privilegiar uma exposição clara das múltiplas ameaças externas que afetam o negócio, a empresa e o segmento. Pense que neste momento, algum concorrente também está pensando na empresa, no negócio e no segmento e pode ser hábil que você, por inclusive ter mais sorte que você ? por exemplo, suas lojas estarem concentradas em uma região menos afetada pela crise que as suas.
A pergunta a ser respondida, todos os dias é a seguinte: a sua empresa, a sua loja é melhor que a média? Em que nível, em que atributo? Ela é mais eficiente no controle de custos, ela tem mercadorias exclusivas, tem gente mais treinada, tem lojas mais bem localizadas? Veja bem: uma competidora pode faturar mais que a sua empresa, mas talvez não seja melhor que ela, pode ter sido agraciada com algum acontecimento fortuito (tanto quanto o seu negócio). Mas insisto: a sua loja é melhor que a média? E até que ponto ela pode ser a referência máxima de qualidade ou de eficiência nos mais diversos indicadores de performance?
A SUA EMPRESA, A SUA LOJA É MELHOR QUE A MÉDIA?
EM QUE NÍVEL, EM QUE ATRIBUTO?
ELA É MAIS EFICIENTE NO CONTROLE DE CUSTOS?
Mirar nesses indicadores, adotar essa visão externa ao negócio pode colaborar de modo decisivo para que você e sua empresa possam ultrapassar esses 11 meses.
O momento é de trabalho duro, intenso, feroz e agressivo. Performance e indicadores de qualidade contam. Exercitar como você será implacável com seus próprios erros a cada 12 meses é uma forma de evitar cair na zona de conforto ou no chororô improdutivo. Quem sabe assim, 2017 não começa antes para você.
*Jacques Meir é Diretor de Conhecimento e Plataformas de Conteúdo do Grupo Padrão.