Nesta quarta, a Nike mostrou ao mundo o futuro dos calçados. Não há exagero em dizer que a marca mostrou também o futuro do vestuário em geral. A empresa norte-americana anunciou o Adapt BB (sigla para basketball), que além de se ajustar sozinho aos pés dos usuários, coleta dados importantes. Usando um aplicativo, a companhia terá informações sobre hábitos e desempenho dos consumidores.
Por isso, o Adapt BB representa uma disrupção sem precedentes. Há tempos os consumidores não querem ser pautados pelas marcas. Nesta nova era, as empresas precisam saber o que seus clientes desejam, caso contrário, estão condenadas. É aí que está a vantagem da Nike. Os dados vão permitir a fabricação de calçados quase como que por encomenda. A partir do momento em que a fabricante e varejista conhece até a maneira de pisar e preferências de ajuste do calçado, desenvolver modelos que agradem o público não deve ser tarefa difícil.
O tênis se conecta com um smartphone via Bluetooth. É possível, inclusive, mudar a cor dos leds, que se parecem com dois olhos, em uma tentativa de transmitir a ideia de que o calçado tem vida própria. Para manter os sapatos energizados, as solas estão sobre um carregador indutivo, que não precisa de uma fonte de energia tradicional e permite uma autonomia de até 10 dias.
O aplicativo
Engenheiros e designers da Nike comparam o hardware do calçado a um smartphone, a diferença é que você pode pisar e pular nele. Já o software do Adapt BB terá o poder de mudar como as pessoas treinam e jogam. Em uma entrevista ao portal Fast Company, o vice-presidente de inovação da Nike, Michael Donaghu, disse: “se vemos que você está correndo sem equilíbrio bilateral perfeito, sabemos disso. Podemos mudar a maneira de treinar para você ficar mais forte, talvez evitar lesões”.
Os consumidores terão todos os dados fornecidos pelo calçado na tela do celular. Com os dados, os usuários vão entender melhor como se movimentam sem precisar, necessariamente, passar por uma bateria de testes em locais como o laboratório da Nike. Além das informações em tempo real, é possível mexer no ajuste do tênis via aplicativo ou usando um botão na lateral do calçado.
Expansão do modelo
O lançamento faz parte da estratégia da Nike de fidelizar seus consumidores fomentando um relacionamento com seus produtos e serviços, como o Nike+. Agora, a expectativa é que outros calçados se adaptem aos clientes depois de receberem melhorias na comparação com o modelo inicial.
No futuro, as camisetas da Nike também vão se adaptar ao corpo. “Acreditamos que uma grande parte do futuro do desempenho será adaptável. Essa adaptação pode evoluir para fibras inteligentes, pode evoluir para ser mais orgânico e uma extensão natural do corpo. Embora estejamos super entusiasmados com este produto e onde ele está agora, é apenas um pequeno passo em uma jornada muito mais ampla”, disse Eric Avar, diretor criativo de inovação da Nike, também em entrevista a Fast Company.
Bateria de testes
Foram três anos de testes antes do lançamento, que não acontecerá para o público geral antes do dia 17 de fevereiro. Jogadores profissionais e amadores de basquete usaram protótipos do novo Adapt e percorreram mais de 43 mil quilômetros em quadra.
A tecnologia foi lançada para um tênis de basquete porque o esporte é o mais desafiador para o segmento. Os movimentos vão da aceleração para um ataque ao aro adversário ou transição defensiva à importante impulsão, que precisa ser acurada, já que faz parte do delicado – e muito comentado – mecanismo de arremesso. Além disso, não são poucos os momentos em que o jogador fica parado: cobrança de lances livres, timeouts (tempo técnico), intervalos entre os períodos, tempo no banco de reservas, revisões demoradas de marcações dos árbitros.
O lançamento foi um dos assuntos mais comentados do Twitter. O ala-pivô do Boston Celtics, Jayson Tatumm, estreou o modelo em um jogo contra o Toronto Raptors, pela NBA.
The Nike Adapt BB on the parquet! #NBAKicks#CUsRise pic.twitter.com/YfQ4L3JHeg
— NBA KICKS (@NBAKicks) 17 de janeiro de 2019