A ascensão da classe média gerou um aumento de consumo no mercado brasileiro como um todo. Inclusive no segmento de luxo. No Nordeste, este nicho apresentou 35% de aumento nos últimos dois anos; no Sudeste, o interior paulista e a capital Curitiba vêm chamando muita atenção para investimentos no setor.
Com isso investidores aproveitam o momento para ?aplicar? seu capital aqui, no país que está na moda!
Em junho, a Itália liberou um pacote de R$ 300 milhões para aquecer as vendas de produtos de luxo nos mercados emergentes. ?Principalmente no Brasil?, disse à Folha o vice-ministro do Desenvolvimento Econômico, Carlo Calenda.
Mas o que leva as pessoas a consumirem um produto deste tipo? Uma vez que a fase da ostentação já passou, talvez uma teoria possa responder. A pirâmide de Maslow é uma divisão hierárquica onde as realizações pessoais se encontram no topo: moralidade, criatividade, espontaneidade.
O luxo é relativo: depende da classe social e da expectativa de cada pessoa. Também pode se caracterizar por fatores como beleza, qualidade, nobreza, tradição. O diferencial é perceber que existe esse esplendor todo tanto para a classe A quanto para a C.
Para falar mais sobre o nicho do momento, a NO|VAREJO conversou com Carlos Ferreirinha, fundador e presidente da MCF Consultoria. Confira abaixo.
NO|VAREJO: O mercado de luxo brasileiro ainda se concentra nas principais cidades – São Paulo, Rio de Janeiro e Brasili. A que se deve esta concentração?
Carlos Ferreirinha: Vejo, antes de tudo, importante reconhecer que a concentração era em São Paulo. O estado chegou a ser responsável por 65 à 70% do consumo de luxo no Brasil. A expansão para o Rio de Janeiro e Brasília já configura movimento e descentralização. Nos últimos anos, Curitiba, Recife e Ribeirão Preto também têm demonstrado resultados importantes.
NV: O interior pode ser uma grande oportunidade – ainda inexplorada – para o setor?
Carlos Ferreirinha: Não acho que isso mudaria ou mudará radicalmente. É assim. Japoneses e chineses compram muito internacionalmente. O que precisa ser feito não é reduzir o volume de gastos internacionais. O país precisa ter custos competitivos, não somente no luxo. Essa é uma questão nacional em todos os setores.
NV: Como atingir a classe média alta, que ainda tem receio com relação a este tipo de investimento – R$5 mil uma bolsa, R$300 mil um carro?
Carlos Ferreirinha: Temos que ter tudo sempre em formato relativo. Mac já vende muito no Brasil.; bebidas Premium explodem de crescimento. Não sei se a classe média tem que comprar carro de 300.000. Isso é alta renda. R$5 mil em uma bolsa pode ser comprada em dez parcelas de R$500, por exemplo, em alguma ação especial, ou cinco parcelas de R$1 mil. Tudo depende. E nem tudo é para todos. A Loja Renner já é o principal ponto de venda de perfumaria importada no país.
Existem muitos formatos, para muitos diferentes tipos de perfis, para diversas ocasiões.
NV: Existem marcas nacionais investindo no mercado de luxo? Como conquistar o consumidor com tanta marca importada “oferecendo sonhos” em suas lojas?
Carlos Ferreirinha: Muitas. O Brasil é rápido nisso. Trousseau, HStern, chocolate Du Jour, Cidade Jardim, Iguatemi, Aquim, Ponta dos Ganhos, Kenoa, Fasano, Emiliano, Alexandre Birmann… São marcas exclusivamente brasileiras. Comprometimento imperativo com a excelência é, acima de tudo, o código do luxo inegociável.
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