Nos últimos 100 anos, os carros ficaram mais rápidos e inteligentes. Mas a forma como as pessoas dirigem não mudou fundamentalmente … até agora. Hoje em dia, os carros autônomos são uma realidade. E transformar essa tecnologia em um serviço que as pessoas comuns queiram e consigam usar no dia a dia requer um padrões distintos dos atuais. Considere os desafios de projeto quando você tem um motorista virtual e um assento de motorista vago: como os corredores de trânsito irão mostrar que estão prontos para a viagem começar? Como o carro deve comunicar o que está vendo, fazendo e que rota planeja fazer para informar e garantir que os passageiros experimentem a tecnologia pela primeira vez com sensação de segurança absoluta? E, no futuro, como podemos projetar carros de maneira diferente dispensando a necessidade de um motorista humano? Essas foram as questões abordadas por Ryan Powell, Head de Pesquisa e Design de UX da Waymo, a divisão de carros autônomos do Google.
O designer foi o responsável pelo desenvolvimento do Motorola Rzor e também da parte da área de pagamentos móveis do Google e agora, na Waymo, conduz pesquisas sobre a experiência do viajante de carros autônomos. O que em 2009 era ficção científica, hoje é um campo de pesquisas e fértil. A cidade de Phoenix no Arizona é hoje o grande campo de testes dos veículos autônomos, o local onde Ryan desenvolve e testa os protótipos dessa nova fronteira do automóvel.
A grande missão da Waymo é usar essa tecnologia para tornar o automóvel mais segura e simples para as pessoas os objetos que estão ao alcance enquanto o veículo se movimenta. Hoje, a Waymo realmente tem um veículo totalmente que se desloca de modo totalmente autônomo em meio urbano. Vale considerar que mais de 3 milhões de americanos acima de 40 anos são cegos ou deficientes visuais, 94% dos acidentes de trânsito envolvem erro humano e em média, as pessoas perdem 42 horas por ano em deslocamentos urbanos usando automóvel. É fato que muita gente, em todos os países adora dirigir seus carros, mas não gostam dos efeitos colaterais.
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O projeto do Waymo é composto por diversos sensores que identificam sinais e movimentações em todos os sentidos. O veículo também tem radares para identificar objetos e pessoas em movimentos e vem aprendendo como lidar com o tráfego pesado de cidades grandes. É necessário submeter o sistema treinamento para aperfeiçoamento constante, para que possa tomar decisões que envolvam o mínimo de risco mesmo em situações críticas.
Ryan destaca que o time comandado por ele procura pesquisas todas as possibilidades para proporcionar a melhor experiência possível aos usuários em suas viagens com estes modelos sem motorista. O insight essencial que orientou o desenvolvimento doo modelo foi mapear cuidadosamente o comportamento padrão dos motoristas – para que o sistema soubesse o que não fazer. Por exemplo, o sistema não usa o celular ou digita mensagens de texto enquanto roda pela cidade. Na escala de automação, que vai de 1 a 5 – sendo que os 3 primeiros são considerados em direção assistida – e os níveis 4 e 5 compreendem direção autônoma. O projeto Waymo situa-se na escala 4, pois permite que em última instância, um motorista humano assuma o comando.
O fator segurança é primordial. O carro sem motorista terá um botão de ajuda? De que forma ele permitirá que todos os passageiros sintam-se totalmente seguros e confiantes no interior do veículo? A transparência das informações é o princípio fundamental para que os usuários saibam exatamente o que acontece no trajeto. Liberdade é outro aspecto essencial, para que possam ter controle sobre seus movimentos no interior do carro e a consistência da operação. Ou seja, o carro sem motorista não pode ser imprevisível ou tomar decisões diferentes diante de situações similares.
Conciliando transparência, liberdade e consistência é possível fazer o carro autônomo simples, próximo e confiável. A experiência do passageiro começa com o app do veículo, onde se insere o destino da viagem – assim como no Uber, é possível destacar os endereços mais recorrentes – e então o sistema comunica a que distância está o carro e em quanto tempo ele estará no local para pegar o passageiro. É preciso que a informação vinda do carro seja precisa, pois ele não responderá a ligações ou mensagens de texto. O trajeto escolhido pelo veículo pode ser acompanhado pelo app, assim como intervenções e imprevistos. Chegando ao destino, sistema precisa ter certeza de que o lugar onde o passageiro descerá do carro seja o mais seguro possível. Por outro lado, a pesquisa de comando por voz segue acelerada para que o sistema possa compreender pedidos e comunicações dos passageiros.
O sistema recebe toda informação possível sobre as redondezas de cada etapa do trajeto – ciclistas, pedestres, obras, buracos, funcionamento dos semáforos, pontos de tráfego, caminhões fazendo entregas e assim por diante. O veículo não fará curvas abertas ou fechadas, irá procurar sempre a solução mais segura para cada movimento. Toda a informação é renderizada e sintetizada no banco de dados, para que automóvel saiba como reagir diante da repetição de contextos.
O carro autônomo é mais um poderoso acumulador de informação. Quanto mais informação ele tiver, melhor e mais segura será sua condução.Sob um ponto de vista mais preciso, um Waymo não “se dirige” por si mesmo, mas é “dirigido” pela informação que recebe, acumula, processa e utiliza. Um bom exemplo é que o veículo “escuta” e “emite” sons para calcular distâncias e se orientar no trajeto com maior precisão. O veículo pode buzinar para ser encontrado por um passageiro deficiente visual, por exemplo.
O desafio da locomoção está próximo de ser superado. Agora o desafio fica por conta das cidades, da infraestrutura de mobilidade. Isso significa que as cidades, os outros veículos e modais, semáforos e vias precisarão trocar informações constantes com o carro sem motorista para apoiar suas decisões. Tomando a caótica cidade de São Paulo como exemplo, de nada adianta uma ridícula placa de alerta sobre ponto de alagamento se esta informação não puder ser enviada ao veículo para que ele tome uma decisão assertiva antecipadamente.
A integração de informação com os outros modais também irá colaborar para que haja fluidez no transfer de passageiros de um meio de transporte para outro. Segundo Ryan, no espaço de 10 a 20 anos, a adoção de veículos autônomos será expressiva e permitirá que cidades e os desafios da mobilidade urbana sejam redimensionados. Um desafio que se supera para fazer o mundo melhor.