Os resultados do último trimestre fiscal da Nvidia – fabricante de chips eletrônicos norte-americana – mostram como a demanda de Inteligência Artificial (IA) está impactando o mercado. A empresa foi fundada em 1993 com o objetivo de desenvolver gráficos de videogames e diferentes produtos multimídia, e mais de 30 anos depois, alcançou um lucro líquido de US$ 12,28 bilhões no encerramento do trimestre, encerrado no final de janeiro. O número representou um salto anual de 769%.
Segundo o CEO e cofundador da Nvidia, Jensen Huang, há um motivo para o crescimento: a Inteligência Artificial. “A computação acelerada e a IA generativa atingiram um ponto de inflexão”, afirmou em comunicado. “A demanda está crescendo em todo o mundo entre organizações, indústrias e nações”.
Outro dado impressionante dos resultados da empresa é a soma de US$ 18,4 milhões de receita da área de centro de dados (Data Center), o que representa 83,3% do resultado da Nvidia. A alta foi 409% na comparação com o ano anterior, e aponta para a relevância do segmento para o desenvolvimento e uso da tecnologia em todo o mundo.
“Nossa plataforma de Data Center é impulsionada por drivers cada vez mais diversos – demanda por processamento de dados, treinamento e inferência de grandes provedores de serviços em nuvem e especializados em GPU, assim como de empresas de software empresarial e de internet para consumidores”, afirmou o CEO. “As indústrias verticais – lideradas pelo setor automobilístico, serviços financeiros e saúde – agora estão em um nível multibilionário”.
Da GPU ao H100
A Nvidia é uma empresa queria pelos gamers em todo o mundo. Foi ela quem lançou a GPU – graphics processing unit ou Unidade de Processamento Gráfico –, para computadores e videogames. É essa tecnologia responsável por renderizar imagens e vídeos de diferentes recursos multimídia, e hoje está presente em smartphones, tablets, televisores, notebooks e mais.
Ao longo dos anos, lançou uma série de aperfeiçoamentos e outras inovações, como a CUDA, uma plataforma para desenvolvimento de software, lançada em 2006. A Nvidia também criou a chamada NVIDIA RTX, uma placa de processamento de vídeo com capacidade de ray tracing, que simula o reflexo da luz sobre objetos presentes na imagem sem a necessidade de programação.
Já em 2012, um grupo de pesquisadores utilizou GPUs para criar um sistema de reconhecimento de imagem chamado AlexNet. A partir de então, foi inaugurada uma nova era de desenvolvimento de deep learning. Foi a partir da inovação que a Nvidia passou a se direcionar seu trabalho para o mercado da tecnologia de Inteligência Artificial, produzindo GPUs para este fim.
Anos depois, a Nvidia representa hoje cerca de 70% das vendas do mercado de chips de IA, concorrendo com empresas como Amazon, Google, Meta e Microsoft. O produto mais procurado é o Hopper H100, GPU para servidores que possui o chip GH100 e é considerado uma das melhores – se não, a melhor – para processamento de Inteligência Artificial.
O futuro é IA
A Nvidia ainda possui diversos serviços voltados para o desenvolvimento de IA e IA generativa, além de análise de dados e computação, por meio de sua plataforma. São infraestruturas, softwares, modelos de linguagem e cibersegurança altamente desejadas por organizações em todo o mundo que estão desenvolvendo suas próprias tecnologias e inovações na área.
Mesmo a NVIDIA RTX, introduzida há seis anos pela empresa e desejo de milhões de gamers e criadores de conteúdo, agora também se tornou uma plataforma para PC de Inteligência Artificial generativa. “O próximo ano trará grandes ciclos de produtos com inovações excepcionais para impulsionar nossa indústria para frente”, declarou Huang. “Venha se juntar a nós no próximo GTC [conferência da Nvidia para desenvolvedores, que será sediada em março], onde nós e nosso rico ecossistema revelaremos o emocionante futuro que nos aguarda”.
Todo esse trabalho, além da expectativa sobre o futuro do mercado de chips de IA, levou a Nvidia a se tornar a terceira empresa mais valiosa dos Estados Unidos. Segundo o site Yahoo Finance, o valor de mercado da organização beira os US$ 2 trilhões depois da divulgação dos resultados do último trimestre.