O porcentual de famílias com dívida no País recuou em julho para o menor patamar desde janeiro de 2015. No mês, 57,7% das famílias disseram que estavam com dívidas. Esta é a sexta queda consecutiva do indicador mensurado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Ao contrário do que parece, a queda do endividamento não tem motivos positivos. “A redução do endividamento é consequência da retração do consumo. A perda do poder de compra, causada pela inflação, pelo desemprego e pelo elevado custo do crédito, faz com que o consumidor seja mais ponderado na hora de assumir novas dívidas”, explicou a economista da CNC Marianne Hanson.
A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic Nacional) é apurada mensalmente pela CNC a partir de janeiro de 2010. Os dados são coletados em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal, com cerca de 18.000 consumidores.
O número de famílias com contas em atraso também caiu em julho, para 22,9% do total. Apesar disso, houve alta do porcentual de inadimplentes em relação a julho de 2015, quando esse indicador alcançou 21,5% do total.
O estudo mostrou que, apesar da queda no endividamento, quem têm dívidas está encontrando dificuldades para quitá-las: em julho, em relação ao mesmo mês de 2015, o percentual das famílias que não terão como pagar as dívidas passou para 8,7%.
Em média, as famílias permaneceram com dívidas por 7,2 meses, sendo que 34,4% delas estão comprometidas por mais de um ano. Quase um quarto das famílias brasileiras – 22,1% – está com mais da metade da renda mensal destinada ao pagamento de dívidas.
Entre os vilões do endividamente, o cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 76,7% das famílias endividadas, seguido de carnês, por 15,7%, e, em terceiro, de crédito pessoal, por 11,3%.
“Apesar da melhora na comparação mensal, na comparação com o ano anterior, houve piora de ambos os indicadores de inadimplência e um número maior de famílias mostrou dificuldade de pagar suas obrigações financeiras em dia. As taxas de juros mais elevadas e o cenário menos favorável do mercado de trabalho impactam negativamente esses indicadores”, afirmou a Confederação.