Já se falou muito sobre como a sustentabilidade está virando o centro das atenções não só para startups (mais modernas e mais enxutas), como para grandes empresas que hoje buscam certificados e parceiros comerciais capazes de seguir bases sustentáveis de produção. A sigla ESG, que já foi falada por aqui no site, dá conta desse assunto. Para quem pensa que ainda é difícil monetizar nesse campo, uma startup norte-americana está fazendo a diferença ao se dedicar ao processo de diminuição de CO₂ cultivando algas marinhas e não árvores para conquistar índices impressionantes.
Isso mesmo. A empresa Running Tides, focada na criação de crustáceos, ampliou seu ramo de atuação. Agora, age em algo mais ousado e virou destaque em sites e periódicos de negócios sustentáveis. Trata-se de criar algas marinhas em mar aberto e depois afundá-las no oceano. Para isso, o projeto, ainda piloto, tem uma solução escalonável para eliminar o carbono a longo prazo, aproveitando a massa e profundidade do oceano.
Além disso, a ideia se utiliza de um sistema natural, otimizando-o para aumentar a capacidade de retenção de carbono dessas plantas, o que tem um baixo custo de capital em relação as outras técnicas. Dá menos trabalho do que plantar árvores e esperar elas crescerem. E o resultado no controle da emissões do gás pode ser mais imediato.
Carbono neutro é negócio
À medida que as florestas de algas crescem, absorvem carbono do ar e devolvem mais oxigênio, uma medida essencial para controlar a emissão de gases do efeito estufa que estão na atmosfera da Terra. Esse assunto está em debate há décadas, mas somente com a emergência do clima nos últimos 10 anos, passou a ganhar mais destaque. Enquanto o carbono de florestas e bosques terrestres fica à mercê das ações humanas, as algas que afundam podem permanecer ali durante séculos, com bem menos interferência sobre elas. “Uma vez que as algas descem abaixo dos mil metros, não voltam a subir, porque as pressões são muito grandes. Portanto, pode-se obter pelo menos mil anos de ‘sequestro de carbono”, disse Marty Odlin, fundador da Running Tides.
A empresa já atraiu investidores como a Shopify, empresa canadense gigante de softwares, que pretende investir pelo menos cinco milhões de dólares por ano em soluções promissoras voltadas à sustentabilidade. Com esta parceria, a Running Tides planeja lançar as algas, em breve, nas correntes oceânicas fazendo com que elas se percam em águas ricas em nutrientes e de apropriadas temperaturas. Para afundá-las abaixo dos mil metros, serão usadas, entre outros mecanismos, boias biodegradáveis que se decompõem em tempo determinado. A startup vai usar o investimento da Shopify para testar as florestas de algas o mais longe possível da costa, e rastrear seu desempenho. Assim, estarão certificados para vender as compensações de carbono.
Emissão e neutralização
A pegada de carbono (em inglês, o carbon footprint) é uma metodologia que calcula a emissão desse elemento equivalente emitido na atmosfera por uma pessoa, atividade, evento, empresa, organização ou governo. A partir destes valores de emissão, entra no jogo a neutralização do carbono, que funciona assim: uma empresa A produz cinco toneladas de carbono em suas atividades e para zerar suas emissões precisa comprar, então, cinco créditos de carbono (1 crédito é igual a uma tonelada equivalente) de empresas confiáveis e certificadas. Elas captam o biogás de um aterro sanitário e o transformam em energia ou preservam florestas nativas. Portanto, a lógica é simples. Se a empresa polui tem débito em carbono. Se é sustentável, tem créditos. E a sua empresa, como está?
Vale lembrar aqui que, em agosto de 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) concluiu um ambicioso documento chamado “Agenda 2030”, que propunha 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Cada um deles pensado para melhorias na qualidade da ação e/ou da relação do homem com a sociedade, a natureza e entre si.
O ODS prevê ações contra a mudança global do clima, como reciclagem de materiais e diminuição da emissão de CO₂. Entre as definições das metas estão a redução, até 2030, de 45% do CO₂ lançado na atmosfera e a emissão próxima de zero no ano de 2050. Uma das técnicas mais conhecidas para neutralização do carbono é a fotossíntese (mecanismo de das plantas que capta de CO₂ e libera por oxigênio) das árvores, mas é impossível se elas continuarem sendo queimadas no ritmo atual. Por isso mesmo, o investimento em algas marinhas que neutralizem esses gases é tão importante nesse momento.
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