Recentemente, conversamos com o cofundador e presidente da Crispin Porter, Chuck Porter, colaborador de longa data da Berlin School, para discutir algumas questões a respeito do futuro das agências e como o excesso de informação está influenciando a maneira com que o público consome propaganda.
Divido aqui com vocês duas das questões que considero as mais relevantes neste momento:
Por que as grandes agências estão perdendo oportunidades para empresas menores de publicidade ou startups?
A indústria está ficando cada vez mais fragmentada, e cada vez menos clientes estão concentrando todo seu orçamento em apenas uma agência e permitindo que ela seja a única representante da marca. Eu acredito que isso ainda exista, mas é menos comum do que já foi um dia. Atualmente, é mais comum que os clientes encarreguem diferentes prestadores de serviço para diferentes atribuições.
Você falou sobre a importância de ser prolífico. Como a agilidade e a capacidade de resposta se encaixam neste contexto?
O mundo está mudando muito rapidamente, e há muito mais canais de mídia que as pessoas utilizam hoje. Antigamente, você poderia contar que uma determinada porcentagem da sua audiência assistiria determinado programa e você saberia como atingi-la – isso já não é mais verdade. Outro ponto importante é que o conteúdo fica “gasto” muito rápido, a capacidade de concentração é curta, as pessoas ficam entediadas… Há pesquisas dizendo que uma parte da audiência se sente irritada ao ver uma propaganda mais de uma vez; então muitas ideias estão sendo usadas (sem impacto). É por isso que eu acredito que ser prolífico é importante: hoje em dia, é menos relevante trabalhar duro e por muito tempo para encontrar “a grande ideia”. É mais interessante fazer um monte de coisas e deixar que a audiência te diga o que tem impacto.
Refletindo sobre as respostas de Porter, alguns paradigmas do tempo em que vivemos ficam evidentes: colaboração versus concorrência; informação e consumo; e o líder conector.
Na era do acesso imediato e abundante à informação, é tentador buscarmos um caminho único e reconfortante que traga todas as respostas; mas isso me parece ingênuo e limitante.
Se as agências não atuam mais sozinhas para atender um cliente, a colaboração, muito mais do que a concorrência, se torna a chave de um novo modelo de negócios – muito mais rico, diverso e abrangente. Já o líder criativo deve cada vez mais torna-se conector, em detrimento do foco primordial em gestão interna. E se o conteúdo se pulveriza nas inúmeras plataformas e se “gasta” rapidamente, também são incontáveis as possibilidades de inovar. Um exercício desafiador a ser praticado com humildade e resiliência; mas que também traz infinitas oportunidades de experimentação e de diversificar o olhar e testar novas abordagens. E você, o que testou hoje?