A doença é uma fobia ou sensação de angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar estando em algum lugar sem seu aparelho de celular. O termo é recente, com origem no inglês: No-Mo, ou No-Mobile ? sem celular.
Estudo realizado com cerca de mil pessoas no Reino Unido, país onde a palavra ?nomofobia? surgiu em 2008, revelou que 66% dos entrevistados se diz ?muito angustiado? com a ideia de perder seu celular. Em outra pesquisa, desta vez com jovens da Universidade de Maryland, nos EUA, constatou-se que a dependência de celulares, computadores e tudo que esteja relacionado à tecnologia pode ser considerada semelhante ao vício em drogas.
O estudo avaliou mil alunos com idades entre 17 e 23 anos, em dez países, que ficaram durante 24 horas sem celulares, redes sociais, internet e TV. Segundo a pesquisa, 79% dos estudantes avaliados apresentaram desde desconforto até confusão e isolamento com a restrição ao uso de eletrônicos, além de coceira. Alguns estudantes relataram, ainda, estresse simplesmente por não poder tocar no telefone.
Pela primeira vez, vício na rede foi comparado com o abuso de outras coisas, como drogas e álcool.
Mas, será mesmo imprescindível ficar conectado 24 horas por dia? Algumas pessoas ficam angustiadas quando não podem ser alcançadas, mesmo que seja por sms.
O escritor francês Phil Marso, que redigiu um livro inteiro utilizando apenas SMSs, afirma que o uso constante dos smartphones e redes sociais gera ?uma grande vontade de estar sempre inteirado sobre tudo o que está acontecendo. O usuário acaba ficando nervoso e impaciente, podendo desenvolver problemas cardíacos?.
A Ipsos, empresa francesa de pesquisa, publicou um estudo sobre o impacto do celular na vida cotidiana e mostrou como esse aparelho mudou a vida dos usuários brasileiros. O estudo conta com mil entrevistas com pessoas de ambos os sexos, de todas as classes sociais e com mais de 16 anos de idade, em 70 cidades e nove regiões metropolitanas.
Smartphone é fator de inclusão digital (e social)
Os resultados revelaram que 18% dos brasileiros admitiram ter dependência dos seus aparelhos. “Com esta nova liberdade, novas regras de coexistência têm influenciado e ditado pela comunicação e interação entre os indivíduos. Esta mobilidade leva a uma sensação de liberdade e a uma percepção de que podemos ter o mundo em nossas mãos. Essa sensação pode gerar um comportamento ambíguo de poder e medo”, diz a pesquisadora Anna Lúcia Spear King.
Para a psicóloga Sylvia van Enck, do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso, da USP, a nomofobia é um transtorno do controle dos impulsos com um forte componente de ansiedade generalizada.
“Podemos entender que o uso do aparelho celular, mesmo que não excessivo, especialmente em relação à população jovem, esteja relacionado aos aspectos de inclusão social e conectividade entre os amigos. Por outro lado, com o avanço dos recursos tecnológicos, adquirir um aparelho cada vez mais sofisticado confere status econômico e social, o que pode estar relacionado à busca de reafirmação da identidade psicológica dos adolescentes nesta fase da vida”, analisa Sylvia.
Uso consciente de celular pode gerar economia
Para o psicólogo Pablo de Assis, o problema sempre está no exagero. ?Tudo que é exagerado é prejudicial. Até a vida real em exagero é prejudicial, pois resta pouco ou quase nenhum espaço para os sonhos, os projetos, a imaginação?. O exagero geralmente surge quando valorizamos mais uma coisa em detrimento de outra.
O celular é um ótimo instrumento, um facilitador, e o problema não está com ele e sim com o mau uso que qualquer pessoa pode fazer. Assim como a internet, que tornou muito mais ágil a comunicação e o conhecimento. É importante utilizá-la de maneira saudável, para promover o aprendizado, estabelecer boas relações e se comunicar. É fundamental manter um limite, afinal você é quem deve manter total controle sobre sua vida e não um determinado site ou aplicativo que determinará o seu comportamento.
Com informações dos portais Ciência e Vida, Hospital Santa Mônica e ELO Mídia.