A Natura sempre usufruiu do conceito regional, natural e próxima da natureza. A marca é pioneira na abordagem de elementos da mata amazônica em campanhas publicitárias e em fortes posicionamentos em defesa do ecossistema. O CEO atual do grupo, João Paulo Ferreira, não pensa diferente: Ferreira comemorou o Dia da Amazônia, em setembro, com um artigo em seu LinkedIn: “É doido, mas não queima dinheiro.” “Pois o que é atear fogo à floresta senão queimar dinheiro?”, questionou.
Além do forte posicionamento em defesa do meio ambiente, a empresa espalhou-se pelo mundo. Em 2017, a Natura se uniu às empresas Aesop e The Body Shop, formando o Grupo Natura & Co. Este ano, anunciou a compra da centenária americana Avon, o que a coloca entre as quatro maiores empresas de beleza do mundo.
Como a marca se posiciona e que causas abraça enquanto um grande grupo do setor de beleza?
Confira, a seguir, a entrevista do CEO da Natura à Consumidor Moderno:
CONSUMIDOR MODERNO – A NATURA É UMA DAS MARCAS MAIS LEMBRADAS QUANDO O ASSUNTO É SUSTENTABILIDADE. MAS QUE OUTRAS CAUSAS A MARCA ABRAÇA?
João Paulo Ferreira – A causa da sustentabilidade tem vários desdobramentos. Não tenho dúvida de que temos uma vertente que vem com as mudanças climáticas. Prezamos muito pela preservação amazônica pelas nossas escolhas de carbono neutro. Nós temos uma política relacionada a resíduos, que se expressa na nossa relação com as comunidades dos catadores com quem trabalhamos, com embalagens feitas com 100% do plástico retirado do meio ambiente. Temos também uma vertente social, de diversidade, inclusão, geração de renda e educação.
CM – QUE TIPO DE DESAFIOS AS NOVAS AQUISIÇÕES IMPÕEM À MARCA?
JF – No caso da Avon, a negociação ainda não foi concluída. Não temos a aprovação dos órgãos regulatórios. A gente espera que a negociação seja resolvida no primeiro trimestre. No caso da The Body Shop, a experiência tem sido muito positiva. E isso se deve à criação de um time supercompetente, que entende de varejo e mercado. Agora, ela começa a ser comunicada de uma nova maneira, trazendo mais consumidoras para perto e recuperando as antigas.
CM – COMO A JUNÇÃO DESSAS EMPRESAS AJUDOU A FORTALECER A MARCA?
JF – A Natura as ajuda no crescimento na América Latina, pois as conhece muito bem. Já a TBS nos ajuda a levar a Natura para novos continentes, como a Malásia, onde embarcamos em outubro. Temos usado a The Body Shop para facilitar a entrada em novos mercados.