Fenômenos e modas vêm e vão. Às vezes eles voltam, criando um ciclo no tempo e no espaço. Este texto é dedicado a esses retornos, a uma época em que olhávamos as lojas como fenômenos.
Até os anos 1970, qualquer rua de qualquer cidade tinha um certo número de pequenas lojas vendendo produtos de uso diário, carnes, comida, livros, bicicletas e muito mais. O mundo ainda era definido por uma proporção fixa entre lojas e consumidores, no sentido de que uma loja cobria uma determinada área com uma certa quantidade de pessoas. Se a base de clientes crescia, o número de lojas acompanhava esse crescimento. Mas, normalmente, uma única loja não atraía todos os novos clientes. O crescimento era bem distribuído.
Nas décadas seguintes, no entanto, as lojas físicas se expandiram e os supermercados se tornaram uma parte significante das compras do dia a dia e passaram a cobrir áreas cada vez maiores. Com o advento do digital, uma grande parcela dos negócios que costumava ser feita em lojas físicas migrou para o online, e, com isso, surgiram as conversas sobre a iminente morte das lojas físicas.
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Os rumores foram certamente exagerados mas, particularmente entre as livrarias, a mudança foi grande e muitas delas fecharam suas portas. A economia global digitalizada não é limitada por fronteiras, e gigantes como Amazon.com, que controla hoje uma grande fatia das vendas globais de livros, sabem disso. Mesmo grandes players do mundo físico tiveram que fechar lojas por causa da competição com o digital. Um grande exemplo é a Blockbuster (rede de locadoras), que sucumbiu em 2010.
Mesmo sabendo que lojas online são responsáveis por menos de 10% do varejo global, nos acostumamos à ideia de que o progresso é inevitável e as compras do futuro serão feitas online. Então, por que sequer tentamos abrir ou investir em lojas físicas em 2016?
Paradoxalmente, podemos encontrar a resposta na Amazon, que, contrariando todas as expectativas, abriu duas lojas físicas nos EUA. Isso pode parecer um renascimento da loja física em 2015 e em 2016. A verdade, no entanto, é que as lojas físicas e online podem coexistir, sendo o canal digital o mais relevante.
Ainda assim, as lojas físicas têm a vantagem de permitir aos consumidores sentirem e tocarem os produtos, experimentá-los e até mesmo conversar com um vendedor – que, no futuro, será mais um guia de showroom. Na Amazon, o físico e o digital se combinam. Nas lojas físicas, os preços são flexíveis – nós os conferimos na loja online – e clientes fiéis ganham melhores ofertas. Nesse sentido, o futuro das lojas físicas integra o digital e o analógico. Uma exceção são as lojas com produtos de nicho, onde a ambientação e um toque pessoal são essenciais. Curiosamente, lojas assim surgiam nos velhos porões, em ruas pequenas, e agora saboreiam um revival.