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Entre métricas, medidas e distâncias, a quantos graus estamos separados de nós mesmos?

Entre métricas, medidas e distâncias, a quantos graus estamos separados de nós mesmos?

A necessidade de fazer parte de determinados grupos ou de viver de acordo com certos padrões pode acabar nos afastando do que importa - inclusive de nós mesmos?

Desde sempre, medimos. O mundo nos compara. Buscamos métricas para explicar hipóteses e para nos enquadrar a padrões, por meio de respostas e números – quanto mais precisos, melhor.

Afinal de contas, somos cobrados por resultados que costumam também ser medidos por meio de cálculos e parâmetros determinados pelo próprio homem, mas muitos acabam nos aprisionando, fechando ângulos e nos confinando aos resultados esperados.

Essa necessidade de enquadramento e organização faz parte da natureza humana. Fomos criados com estas regras – inclusive às quais temos que nos adaptar para sermos aceitos nas escolas, nas empresas, na sociedade. Uma vez incorporados estes paradigmas, vamos nos acomodando e quase todos vestindo essa armadura que nos acompanhará por muito tempo.

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Nessa eterna disputa entre a aceitação e pertencimento no “grupo dos normais” (curva normal na qual 68% dos casos estão a menos de um desvio padrão da média e 95% das observações a menos de 2 DP da média) e o descolamento dessa massa é que surgem as grandes ideias. Gênios sempre estiveram posicionados fora da curva – pessoas que influenciaram e mudaram o mundo, como Steve Jobs, que ia para a universidade descalço e que nunca se terminou o curso ou Woody Allen que nunca foi além de um semestre na Universidade e se destacou no High School pela facilidade que tinha de fazer mágica (!).

Para além deles, há uma infinitude de nomes, de gênios e de mais um monte de celebridades anônimas ou simplesmente pessoas que não se adaptaram aos rígidos padrões adotados pela média, mas que também não conseguiram imprimir sua marca ao mundo. Já dizia Albert Einstein “A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado, enquanto a imaginação abraça o mundo inteiro.”

As medidas estão presentes em tudo, até no que não vemos, mas conseguimos perceber quando os limites são ultrapassados. Antes da pandemia de COVID-19, pouco se falava de distanciamento social, mas o tema sempre fez parte do currículo do curso de Psicologia. Lembro que, nos EUA, a percepção de distanciamento são diferentes: em países latinos temos mais contato físico com pessoas, somos mais próximos, abraçamos mais, beijamos e tocamos nas pessoas.

Outra teoria interessante que temos sobre distanciamento – mais útil nos tempos atuais, quando a tecnologia juntou e alinhou pontos e distâncias – é de Frigyes Karintjy (escritor húngaro). Deixo claro que a origem dessa teoria não é científica e sim literária. Em um conto de 1929, ele dizia que todas as pessoas do mundo estavam separadas por apenas “seis graus de distância”, ou seja, quaisquer duas pessoas estavam ligadas por no máximo seis laços de amizade.

Na década de 1960, o psicólogo americano Stanley Milgram decidiu testar a teoria. Ele desafiou 300 pessoas a encaminharem um cartão postal, alguns dizem que foi um pacote a um destinatário específico escolhido por ele em Boston. Para isso, essas pessoas deveriam enviar o cartão/caixa a um conhecido, que faria o mesmo, até que o cartão/caixa, finalmente, chegasse ao destino. Os cartões passaram por 6 etapas até chegarem ao destinatário final.

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O experimento foi repetido em 2002, por pesquisadores da Universidade de Columbia (EUA) com 61.168 participantes e 18 destinatários definidos (desde veterinários noruegueses até estudantes na Sibéria), porém, utilizando e-mails. Apenas 324 mensagens chegaram aos 18 escolhidos. Os e-mails passaram por 5 a 7 pessoas, em média, antes de alcançarem o destino final.

Em 2016, o experimento foi realizado novamente. Desta vez, o Facebook fez o cruzamento estatístico de dados usando seu algoritmo para identificar as conexões de 1,59 bilhão de usuários. A descoberta foi bem interessante: estamos muito mais conectados nas redes sociais do que no mundo off-line.

Nas redes, o grau de separação das pessoas ficou entre 3, 57e 4,57, em média. Portanto, concluímos que as redes sociais aproximam ainda mais os seres humanos, pelo menos em termos de números mas, no mundo real, parece que no continuam se escondendo – agora atrás de telas, para se protegerem e manterem, de alguma forma, seu isolamento.

Olhando todos estes números, descobertas e especulações pergunto-me sobre as relações humanas e volto a especulação dos apps de relacionamento. Semana passada li um artigo na NBC entregando dados de que 2/3 das pessoas que buscam os apps de relacionamento estão, atualmente, em um relacionamento! Há algo errado no reino dos solteiros, mal-casados e desafortunados – além de precisarem de uma boa terapia! Encerro este artigo uma provocação (Qual a distância dessas pessoas com suas reais expectativas, envolvimento e satisfação com elas mesmas? Quais as chances de saberem o que buscam, além de uma promessa do perfeito, que certamente não existe além de seu desejo infantilizado?) e uma constatação (“Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade” – Zygmund Bauman)



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