Quando se fala em metaverso, a primeira coisa que vem à cabeça são transações financeiras com criptomoedas. Em parte é verdade, mas vai muito além disso. O metaverso é uma mistura de experiências offline e online em um espaço digital interativo, onde interações e transações sociais podem acontecer ao mesmo tempo. Falando assim soa coisa de filme de ficção científica, mas cada vez mais tem se tornado parte da realidade, apesar das dúvidas e barreiras que ainda existem para essa experiência estar ao alcance de todos.
Para Giovanna Graziozi Camisiro, produtora sênior de eventos e conteúdo da Decentraland, neste momento o maior desafio do metaverso é a acessibilidade. “A gente ainda não está numa sociedade em que a discussão de espaços imersivos é popular o suficiente entre nossos avós, nossos pais, nossos tios. É uma discussão ainda muito isolada em uma geração. E nem todas essas tecnologias também são acessíveis para todas as camadas sociais”, pondera.
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“A educação também é um desafio, mas acredito muito na resolução, porque existem muitas iniciativas de inclusão social, cultural, educacional, de vários grupos sociais e culturais nessa discussão”, afirma Giovanna.
Em relação à tecnologia, as infraestruturas de hardware e software ainda podem ser aprimoradas. “Por exemplo, principalmente os metaverso que estão no blockchain ainda têm um consumo bastante grande de energia para fazer as transações”, avalia Giovanna. A perspectiva da produtora sênior da Decentraland é que essas melhorias técnicas sejam uma questão de tempo, dado o volume de projetos em torno dessa otimização.
Desafios da segurança no metaverso
Dentre as muitas dúvidas que ainda existem sobre a viabilidade e a funcionalidade do metaverso está a segurança das informações que circulam ali. Uma das principais formas de garantir a segurança dos dados é o uso do blockchain. A pesada criptografia e o sistema de verificação protegem as transações via blockchain de tentativas de fraude, já que elas não podem ser reescritas. A tecnologia ainda garante o anonimato dos envolvidos – sejam empresas ou pessoas – o que garante que esses dados não serão vendidos para terceiros.
Esse anonimato é, lembra Giovanna, uma faca de dois gumes. “Existe uma grande vantagem de você ser anônimo, ter a certeza de que nenhum Google, nenhum Facebook, nenhum instrumento de extração de dados vão extrair os seus dados e vender para fins lucrativos privados sem o seu consentimento. Mas, ao mesmo tempo, a gente tem que ter consciência de que isso não permite saber quem é o usuário”.
Leia Mais: O futuro do metaverso para a experiência do cliente
As informações sobre o usuário existem, claro, e estão armazenadas, mas não são públicas. Para Giovanna, a prioridade é trabalhar a segurança da identidade no metaverso para “garantir que as comunidades desses metaverso reportem crimes ou scams que são essas fraudes”. Além disso, esse novo formato de privacidade representa uma mudança quase sem precedentes, já que se torna praticamente impossível saber quem são seus potenciais clientes.
Para entender melhor: o que é blockchain
É uma rede de registros de informações distribuídas através de blocos de transações criptografadas [distributed ledger technology, ou DLT, em inglês]. Elas são conectadas umas às outras em ordem cronológica como se fossem os elos de uma corrente [daí o chain do termo], e não podem sofrer alteração ou serem excluídas após serem verificadas. Cada bloco de informações recebe um código único, uma espécie de impressão digital.
Metaverso: grandes poderes, grandes responsabilidades
Essa é uma das grandes mudanças das relações dos indivíduos dentro do metaverso. Giovanna destaca que esta nova fase da internet os “usuários são os grandes construtores desse novo novo mundo”. Se na internet de hoje o padrão das relações na internet é ter uma relação mediada por empresas, em que o usuário aceita os termos de uso e a empresa é responsável pela segurança desses dados, no metaverso a coisa muda de figura.
“Seus dados só vão ser vendidos, só vão ser reportados, só vão ser roubados se você der acesso a eles. Você é responsável pela sua meta métricas, que são as carteiras de contas digitais no blockchain. É uma mudança cultural, acho que quando as pessoas entenderem o lado positivo dessa mudança, todos os medos que existem vão se dissolver”, pondera Giovanna.
Leia Mais: Se privacidade de dados é um tema global, nada mais justo que chegue até o consumidor
A experiência da Decentraland
O metaverso ainda é mais lembrado como um espaço mais associado a jogos, como Minecraft e Roblox. Mas para a produtora sênior da Decentraland – um universo em 3D governado por uma organização autônoma descentralizada (DAO) criado em 2020 – é mais do que isso, é um ambiente de autoexpressão. Unindo os jogos em sistema play to earn com a plataforma de realidade virtual, a Decentraland e é considerada uma das mais bem sucedidas do metaverso.
“A plataforma já cresceu 15 vezes e está se consolidando como uma plataforma que exemplifica novos modos de governança. São novos modos de socializar, novos modos das pessoas se encontrarem e decidirem coisas juntas”, avalia Giovanna.
A descentralização não está só no nome. Todas as transações são feitas pelo blockchain da Ethereum, não há uma empresa que media as transações. Não há uma corporação com um conselho que toma decisões por todos, mas uma comunidade em que as propostas são votadas e não existe um poder gestor central. “É um fórum aberto em que toda a comunidade propõe ideias, vota na distribuição de recursos, com ferramentas de gestão e decisão coletiva”, destaca a produtora sênior.
A Decentraland é construída em código aberto, o que permite a todo usuário, toda comunidade reconstruir a Decentraland em outro blockchain ou aprimorá-la e enviar de volta para a comunidade.
Um dos projetos que Giovanna destaca é a Housi, na Oscar Freire, em São Paulo, um empreendimento imobiliário híbrido, conectado com o espaço permanente na Central Line.
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