Você confia em todas informações geradas por modelos de Inteligência Artificial? São muitas as expectativas que envolvem o uso da tecnologia, mas nem sempre é possível confiar totalmente nela. Em algumas situações, elas podem contar “mentiras” de forma bastante convincente, até porque a própria ferramenta não entende que se trata de uma informação incorreta.
Jim Webber, cientista-chefe na Neo4j, traz um exemplo concreto disso. Ele questiona o GPT-3.5, antigo modelo de linguagem da OpenAI. “Se cinco camisetas levam uma hora para secar ao sol, quanto tempo dez camisetas levarão?”. A resposta natural seria “uma hora”, mas a IA entende que o dobro de camisetas levará o dobro do tempo para secar – e ainda traz uma fórmula matemática para justificar a reposta “duas horas”.
“Como humanos inteligentes, entendemos que a energia do sol é tão grande que secar cinco ou dez camisetas não muda nada. Mas a IA apresenta uma justificativa aparentemente lógica, com total confiança. Se você não fosse um ser humano esperto, você acreditaria nisso como verdade absoluta. Nessa situação em específico, as consequências são pequenas – as camisetas só secariam mais rápido. Mas, e se fosse uma decisão de negócio baseada nesse tipo de raciocínio?”, alerta Webber em sua fala no Web Summit Rio.
O atual modelo GPT-4o já possui uma resposta diferente, e assertiva, para essa pergunta. A tecnologia aprendeu com as interações e foi treinada para raciocinar da forma correta.
Esse é um exemplo claro de que os dados usados para treinar os modelos de IA são determinantes para a confiabilidade e a qualidade das informações geradas. “E, falando de uma forma visual, a maioria dos dados está mal estruturada para o uso da IA. As empresas podem até tê-los em tabelas, colunas, chaves e valores, mas nada disso é particularmente descritivo ou representativo do mundo real. Como cientista da computação, posso dizer: o mundo dos dados é altamente associativo. Se entrar ‘lixo’ nos bancos de dados, sairá ‘lixo’“, explica Jim Webber.
A ausência de dados estruturados e prontos para serem lidos pela IA é, segundo o cientista, um dos principais fatores para cerca de 1⁄4 dos projetos voltados para a tecnologia não entregarem valor real. Eles estão presos a bases duvidosas e incapazes de atender às expectativas postas em cima da IA.
A importância dos grafos de conhecimento
O caminho para resolver o problema de acessibilidade dos dados e das “mentiras da IA” são os grafos de conhecimento, estrutura que organiza as informações e consegue conectá-las para além da busca por palavras-chave. A partir disso, padrões técnicos como o RAG (retrieval-augmented generation) são utilizados para gerar respostas com base em contexto.
Mas, com a tecnologia disponível hoje, é possível fazer muito mais. Os chamados Graph RAG utilizam o grafo de conhecimento como fonte do contexto. “Ele percorre o grafo para buscar fatos relevantes, insere no modelo e obtém respostas mais precisas. Um estudo do cientista Juan Sequeda mostra que, com o RAG usando base relacional, a precisão aumenta em 16%”, explica Webber.
Apesar dos grafos não serem algo novo, eles serão os grandes responsáveis pelo sucesso da Inteligência Artificial agora e no futuro. Principalmente na nova era dos Agentes de IA que se inicia.
É o que afirma Jim Webber: “Logo, os agentes que usam IA para conectar APIs, criar consultas e realizar tarefas, irão evoluir para agentes múltiplos que se coordenam como um enxame de IA, resolvendo tarefas extremamente complexas. Mas tudo isso depende de uma base de dados de qualidade, e essa base, no século XXI, será cada vez mais um grafo de conhecimento.“
IA emocional
A evolução das estruturas de IA e a qualidade das bases de dados resultam em uma Inteligência Artificial emocional, capaz de compreender contextos e emoções. Esse é o futuro do Customer Experience (CX), e já está transformando a maneira como empresas se relacionam com os clientes.
No IACX, seminário realizado pela Consumidor Moderno e pelo Grupo Padrão, lideranças compartilharão estratégias e desafios para colocar essa tecnologia revolucionária em prática.
O evento será realizado no dia 6 de maio e terá transmissão online. Inscreva-se já e não fique de fora do futuro do CX!