A adesão ao regime de Microempreendedor Individual (MEI) experimentou um notável crescimento nos últimos anos, refletindo uma tendência ascendente na contratação de profissionais nesse formato. Além disso, o modelo de Pessoa Jurídica (PJ) tem se tornado extremamente popular entre freelancers e indivíduos que não possuem empregadores fixos, muitas vezes como uma estratégia para otimizar o ônus tributário em comparação com a contratação sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
De acordo com dados divulgados por uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente em 2021, o Brasil contava com impressionantes 13,2 milhões de MEIs registrados, sendo a maioria destes profissionais ligados à indústria da beleza. Isso ocorre, em parte, devido à vantagem de receber por serviços prestados a cada cliente, em contrapartida a uma remuneração fixa mensal.
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A pesquisa ainda levantou dados bastante curiosos. Mesmo sendo a maior parte dos MEIs classificados como “Cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza” – somando 9,1% do total dos microrempreendedores individuais cadastrados no país, com 1,2 milhão de registros, mais da metade eram homens (53,3%), analfabetos ou possuíam até o nível fundamental incompleto (9,9%). Mas, se compararmos com os assalariados, as mulheres são maioria com CNPJ. Elas somam 46,7% dos microempreendendores, contra 44,9% na CLT.
Isso reflete um nicho de crescimento acelerado no país: o Brasil está entre os quatro países que mais consomem do mercado de beleza no mundo, segundo o Mapa de Empresas, do Ministério da Economia. Então, investir em profissionais e estabelecimentos desse ramo é quase certeza de lucro garantido, até porque segundo o levantamento, o mercado da beleza é pouco impactado por oscilações econômicas – exceto durante a pandemia, que prejudicou o faturamento de diversas áreas.
Beleza em primeiro lugar
Ainda segundo o Mapa de Empresas, a amostragem apontou que os consumidores acreditam que os cuidados com a beleza são fator primordial para o bem-estar. O IBGE prova essa afirmação, pois concluiu que o brasileiro gasta mais com beleza do que com mercado alimentício. A população deixa de comprar um alimento mais caro, mas não deixa de fazer a unha.
Durante o tempo de isolamento social, muitos profissionais autônomos atendiam a domicílio para evitar aglomerações e não ter que pagar a porcentagem do salão – cobrada nos regimes de trabalho no mercado da beleza. Essa foi a forma em que muitos cabeleireiros, manicures e demais trabalhadores encontraram de manter a renda durante a pandemia.
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Depois de salões e demais estabelecimentos de beleza, os campeões em abertura de CNPJ tinham as classificações de comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 939,6 mil MEIs (7,1%), e Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas, com 827,3 mil (6,3%).
Em 2020, uma pesquisa feita pelo Euromonitor International mostrou que o mercado brasileiro também é dominado pelas companhias de cosméticos, somando 47,8% das indústrias em território nacional. De acordo com o mesmo relatório, as companhias que agregam números a essa porcentagem são: Natura & Co, seguida por grupo Boticário, grupo Unilever, grupo L’Oréal e Colgate-Palmolive Co. A previsão do Euromonitor para o ano de 2023 era de aumento de 20,6% nesse ramo.
O notável crescimento do mercado da beleza no Brasil reflete a importância que os consumidores atribuem aos cuidados com a aparência. Em um país conhecido por sua diversidade e multiculturalismo, as preferências e rituais de beleza variam amplamente, alimentando um setor vibrante e em constante evolução. Embora desafiados por períodos de incerteza econômica, os consumidores brasileiros continuam a investir em produtos e serviços que realçam sua aparência e promovem seu bem-estar. Esse fenômeno não apenas impulsiona o mercado, mas também ressalta a valorização da autoestima e da autoexpressão pessoal, o que torna o setor de beleza um indicador fascinante das tendências culturais e sociais em constante transformação no Brasil.
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