Sempre nos perguntam o que é exatamente isso que fazemos e que chamamos de estudos do futuro. E a resposta mais simples é que procuramos projetar anos à frente os impactos que as megatendências da sociedade atual terão nas sociedades futuras e como fazer frente a elas.
Em nosso trabalho, consideramos três tipos de megatendências: as factuais, que incluem crescimento econômico e globalização, desenvolvimento demográfico, comercialização e sustentabilidade; as sociais, que reúnem individualização, sociedade de network, democratização, saúde, polarização e focos imateriais (maior busca por design, moda, cultura, valores, experiências e emoções); e as tecnológicas e do conhecimento, aí embutidos os avanços tecnológicos, a sociedade do conhecimento, aceleração e complexidade.
Elas, de modo resumido, nos dizem que a sociedade será cada vez mais urbana, com demandas crescentes, cidadãos mais globalizados, a comunicação mais intensa e seletiva, o conhecimento mais disseminado e as relações comerciais mais exigentes e complexas frente aos desafios da sustentabilidade e customização.
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Essas megatendências criam o que chamamos de ambiente de aceleração, volatilidade, complexidade e ambiguidade, no qual as profundas incertezas podem gerar tanto oportunidades como ameaças fatais. Assim, podemos assegurar que os resultados das atitudes que adotarmos ante elas acabarão sendo mais extremos que em qualquer outro momento da história.
A partir desses ingredientes, o Copenhagen Institute for Future Studies (CIFS) busca, há 46 anos, identificar cenários em que organizações e indivíduos possam obter os melhores resultados e prevenir as dificuldades. Para isso, começamos sempre com uma pergunta um tanto incômoda: você, seu negócio, sua organização, querem ser vítimas das transformações ou protagonistas da construção do futuro?
Protagonismo não cai do céu. Ele precisa ser construído momento a momento, exige atenção permanente ao entorno. Além, claro, de um atributo fundamental: a resiliência, a capacidade não apenas de se adaptar a mudanças inevitáveis, mas principalmente de prosperar dentro delas, identificando as oportunidades. A velha história de fazer do limão uma limonada, só que, no caso, planejando o suco enquanto a fruta ainda está no pé.
Desde que chegamos ao Brasil, em 2012, percebemos um elemento raro enraizado na cultura local, para o bem e para o mal: o jeitinho brasileiro. Décadas de crises econômicas e sobressaltos políticos fizeram deste povo um forte, capaz de se adaptar a situações extremas com inata habilidade. A tal resiliência, portanto, já faz parte do DNA nacional. Se direcionada para o lado claro da Força, com certeza, ninguém segurará este País. O privilegiado caldo multicultural aqui existente incentivou a criatividade e a maleabilidade fundamentais para enfrentar os novos tempos. Se, aliado a isso, mantivermos em mente que as transformações no mundo moderno serão cada vez mais aceleradas, e construirmos organizações que se adaptem a esse ritmo vertiginoso, com indivíduos motivados, o protagonismo estará assegurado.
Peter Kronstrøm é head do CIFS Latam