Rosana Garcia, de 61 anos, acaba de assumir a posição de diretora de Operações e Atendimento da ConectCar, uma das principais empresas de pagamento automático do País. Com mais de 30 anos de experiência em liderança e mais de 8 anos de trajetória dentro da companhia, a executiva agora ocupa uma das posições mais estratégicas da operação.
Em um mercado em que o envelhecimento profissional ainda é visto como um obstáculo, a ConectCar mostra o oposto. Valorizar a maturidade pode ser um ativo essencial para os resultados. Atualmente, o quadro de colaboradores da empresa é composto majoritariamente (52%) por mulheres, sendo que 22% atuam em cargos de liderança, como coordenação, gerência, diretoria e C-level. Inclusive, três dessas mulheres têm 50 anos ou mais.
“Construí essa trajetória com base em confiança e entrega constante”, afirma Rosana. “Em um mercado que muitas vezes valoriza apenas o novo, mostrar a força da senioridade no mundo corporativo é também abrir espaço para compreender que a diversidade geracional pode ser, sim, uma vantagem competitiva nas empresas.”
A seguir, a executiva avalia esse momento, o etarismo no mercado de trabalho e muito mais! Confira.
Pilares de carreira
CM: Com sua experiência e trajetória dentro da ConectCar, quais são os principais aprendizados dessa jornada e como eles te levaram a assumir uma posição estratégica depois dos 50 anos?
Rosana Garcia: Ao longo da minha trajetória na ConectCar, aprendi que consistência, escuta ativa e colaboração são pilares essenciais para crescer em qualquer fase da carreira. Já são mais de oito anos na companhia. Uma jornada em que pude mergulhar em diferentes áreas, liderando estratégias alinhadas ao compromisso da empresa com a inovação. Esse período foi marcado por uma constante busca por conhecimento e adaptação, especialmente em um segmento que se reinventa diariamente, como o de pagamento automático para mobilidade.
Neste contexto, posso dizer que o principal aprendizado foi entender a importância de ser flexível e de se reinventar diante dos desafios, compreendendo o negócio de forma sistêmica e contribuindo com soluções que unem eficiência e tecnologia. Chegar a essa posição estratégica aos 61 anos é a prova de que maturidade e experiência importam – e muito – e podem andar juntas para transformar não apenas o futuro da mobilidade, mas do País.
CM: Como nova diretora de Operações e Atendimento, que inovações você pretende trazer para essa área?
No novo desafio, minha missão é continuar fortalecendo a operação da companhia, aprimorando a experiência dos clientes e contribuindo para a evolução do portfólio de soluções. Parte desse meu objetivo é aprimorar ainda mais a cultura de escuta ativa e transformação contínua nos times.
Outra prioridade é continuar a integração dos canais digitais da empresa com a experiência humana. Garantindo, assim, que o cliente sinta que está sendo compreendido de verdade, independentemente do meio de contato. Também pretendo investir em automações que liberem o time para se dedicar a interações mais complexas e estratégicas, sem perder a essência do cuidado e da proximidade.
Além dessas metas, carrego comigo a responsabilidade e o orgulho de ser uma mulher de 61 anos que acaba de assumir uma posição estratégica. Quero que minha presença aqui também represente um compromisso real com a valorização da maturidade no ambiente de trabalho. Pretendo manter um espaço de desenvolvimento para todos os perfis, como já estamos consolidando, sem que a idade seja uma barreira. Pelo contrário, que a experiência seja vista como ativo. Essa é uma cultura que já existe na ConectCar. E que eu faço questão de preservar e fortalecer com o meu exemplo e ações práticas de gestão.
“Desafios invisíveis” do etarismo
CM: Sobre “desafios invisíveis” do etarismo no mercado de trabalho, quais você considera mais latentes ainda hoje?
Vejo o etarismo ocupar um espaço alarmante no Brasil, onde 86% da população acima dos 60 anos já sofreu algum tipo de preconceito em relação ao mercado de trabalho, independentemente de suas habilidades (Dados da Oldiversity/2024). Isso porque ele se manifesta de forma sutil no cotidiano, como uma ideia equivocada de que pessoas mais velhas não acompanham a inovação ou não têm disposição para mudanças.
Esse estigma é primitivo – embora ainda se faça presente. E, muitas vezes, impede que talentos seniores tenham espaço para mostrar seu potencial operacional e estratégico nas empresas. Outro ponto crítico é o apagamento sutil: quando as opiniões de profissionais mais experientes são desconsideradas ou não estimuladas em reuniões e tomadas de decisões. Quando, na verdade, essa bagagem pode agregar ainda mais valor às ideias.
CM: Nesse sentido, quais ações práticas podem ajudar as organizações a combaterem esse preconceito? Aliás, você considera preconceito a questão do envelhecimento versus mercado de trabalho atualmente?
Apesar de vermos avanços neste tema, acredito que a velocidade dessa conscientização ainda é lenta e temos um longo caminho para trilhar. É preciso entender que essa não é apenas uma pauta corporativa. É também uma questão social que precisa ser tratada com seriedade, dentro e fora das empresas.
O preconceito na contratação, efetivação e promoção de profissionais seniores se manifesta de forma velada. Mas, o impacto disso no potencial de transformação do mercado é inegável. Para fomentar a mudança nesse tema, é essencial que as empresas tenham políticas claras de inclusão etária, incentivem o diálogo intergeracional e promovam a visibilidade de profissionais mais velhos em cargos de liderança. Mentorias reversas e programas de capacitação contínua também são ferramentas importantes para quebrar barreiras e estimular trocas reais.
Longevidade como diferencial competitivo
CM: De que forma as empresas podem transformar a longevidade profissional em um diferencial competitivo? E como essa diversidade tem impactado os resultados e a cultura da ConectCar?
Para mim, longevidade profissional significa consistência, visão sistêmica e habilidade de tomar decisões com base em experiência prática. Quando bem aproveitada, essa maturidade se torna um grande diferencial competitivo, especialmente em mercados desafiadores como o nosso. Empresas que reconhecem isso conseguem formar times mais equilibrados e preparados para lidar com diferentes cenários, inclusive os de crise. E, ao valorizar diferentes perspectivas, histórias de vida e perfis profissionais no processo decisório, nos tornamos uma empresa mais criativa, resiliente e conectada com a sociedade. Isso é refletido diretamente nos resultados, não só em performance, mas também em clima organizacional e inovação.
CM: Que iniciativas a ConectCar tem adotado para aproveitar o potencial de talentos sêniores?
Com mais de uma década de atuação no mercado, a ConectCar aposta em uma gestão de pessoas que valoriza trajetórias completas e não apenas fases da carreira. Aqui, nós incentivamos a troca entre gerações dentro das equipes em todas as áreas da companhia. Não consideramos idade como critério de corte, e sim competência, entrega e aderência à cultura da empresa.
CM: Por fim, qual principal conselho você daria para profissionais que desejam continuar crescendo na carreira nessa fase da vida?
Meu conselho é: nunca pare de aprender e se reinventar. A maturidade traz uma bagagem valiosa. Mas, é fundamental repensar o óbvio do negócio, mantendo a curiosidade viva e acompanhando as transformações do mercado de perto. Também é importante se posicionar com autenticidade e não abrir mão de contribuir com a própria voz. A experiência tem muito a ensinar, mas também muito a transformar.
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