Quais as principais tendências no marketing em 2023 para ficar de olho? Líderes ao redor do mundo da WPP, multinacional britânica de publicidade e relações públicas, apostam em três vertentes: na conexão indiscutível entre negócios bem-sucedidos, pessoas e suas emoções; na evolução da análise de dados; e no surgimento de novos tipos de marketing graças a novas tecnologias.
Segundo eles, são estas três forças que irão apresentar as maiores oportunidades para as marcas este ano. Para o Consumidor Moderno, professores especialistas da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) também ajudam a tirar o máximo de proveito das novidades.
Marketing bem-sucedido leva em consideração
as pessoas e suas emoções
Para a WPP, a grande tendência a se considerar é a valorização da conexão entre negócios bem-sucedidos, as pessoas e suas emoções. Não seria uma contradição a humanização dos negócios estar tão em alta em um ambiente cada vez mais dominado pela tecnologia? Como explica o professor de digital, e-commerce e CRM da ESPM, Murillo Feitosa, a lógica é justamente ao contrário.
“As pessoas, mais e mais, vão se tornando os grandes diferenciais das organizações. Pois, se de um lado a tecnologia avança e começa a automatizar diversas funções, por outro lado o ser humano é o piloto de tudo isso, das atividades, do engajamento, das emoções e de todas as coisas que não são escritas em uma equação”, explica.
As implicações da tendência no mundo do marketing são diversas. A presidente da WPP na Austrália e Nova Zelândia acredita, por exemplo, que a diversidade das equipes tem o poder de potencializar a criatividade, e mensurar os impactos das políticas internas de igualdade, diversidade e inclusão pode ser um ponto de virada.
Já a Diretora Global do Programa para Diversidade Racial da WPP, Stacie Graham, analisa que se posicionar pela igualdade social é se colocar à frente na competitividade do mercado. Mais ainda centrada nas emoções humanas está a aposta da Diretora Executiva da empresa de consultoria Landor & Fitch, Emma Tolhurst. Em um mundo dominado pela tecnologia, o foco vai para propósitos e valores, por isso, a cultura da empresa se torna um de seus principais ativos perante seus colaboradores.
Neste contexto, o professor da ESPM destaca o papel do líder. Segundo ele, hoje o líder não é quem tem mais conhecimento, mas é aquele com a capacidade de inspirar, motivar e engajar pessoas. E tudo isso, afinal, é feito com empatia e em saber a linguagem da equipe que se lidera.
Ele ainda afirma que não só o público interno, mas os consumidores também irão exigir este novo tipo de postura das marcas. “As que não entregarem esta responsabilidade com diversidade, igualdade, até sustentabilidade, irão ficar para trás. Mesmo as que não embarcaram nisso no início, estão incorporando os conceitos como importantes”, alerta.
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A tendência é a análise de dados evoluir cada vez mais
Os líderes da WPP acreditam nas inovações que a evolução da análise de dados tem trazido e ainda irá trazer para o marketing. Para eles, first-party data (dados que a própria empresa coleta sobre os clientes) e outros tipos de dados, como oriundos de cadeira de produção e performance, vão significar muito mais do que apenas informação dos consumidores.
A Chefe Global do Escritório de Inovação da WPP, Krystal Olivieri, explica que destravar o potencial contido na análise de dados significa re-imaginar como as informações são organizadas e trabalhadas para serem transformadas em estratégias e inteligência de negócio significativas.
“De fato, os impactos são diretos: quanto mais ricas e precisas as análises, mais clientes duradouros, resultado e lucro para as empresas. Na medida que se usa informação para as tomadas de decisão, você sai daquela discussão em torno de preferências pessoais para entender o que o consumidor de fato está dizendo através dos dados”, concorda o professor Murillo Feitosa.
Além disso, em 2023, os profissionais do marketing irão se atentar cada vez mais para first-party data uma vez que o cenário em relação a dados vem mudando, principalmente em relação à privacidade e a regulações em torno disso. No Brasil, por exemplo, é o caso da LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados.
Com as restrições, o professor da ESPM ressalta que é essencial acompanhar os dados que o consumidor tem em relação à empresa e usá-los bem quando fornecidos. As possibilidades são inúmeras: “quando alguém comprou com você e deixou informações, quando assinou uma newsletter, ou entrou nas redes sociais e deixou um contato para receber mais informações, entre outras”, fala.
Novas tecnologias vão possibilitar novos tipos de marketing
Que inovações podem surgir e que tipos de marketing podem se fortalecer com o surgimento de novas tecnologias? Os palpites dos líderes da WPP são inúmeros, de e-commerce ao metaverso.
No metaverso, por exemplo, duas tendências convergem: para a Diretora Global da Wunderman Thompson Intelligence, empresa que fornece soluções tecnológicas para publicidade e marketing, Emma Chiu, as marcas irão começar a construir empatia e conexões emocionais neste ambiente de realidade virtual.
O professor de marketing digital da ESPM, Bruno Peres, confirma que é preciso ficar de olho tanto no metaverso quanto na realidade aumentada. “Estamos falando de turismo virtual, de inovações no setor de ensino, treinamentos corporativos, laboratórios, até medicina remota”, lembra.
Ele explica que novas tecnologias passarão a ser vendidas baseadas neste universo, assim como novas formas de interagir com as marcas. Seria o caso de comprar uma experiência na Disney ou em um museu e vivenciá-la a distância, o professor exemplifica.
Já o e-commerce vira tendência central em 2023. Enquanto o Chefe Global de E-commerce da rede de agências Wavemaker, Mudit Jaju, diz que o comércio online se tornará parte intrínseca de como marcas e consumidores interagem, o Chefe Global de Influência da agência de publicidade Ogilvy, Rahul Titus, aposta que criação de conteúdo, comunidade e e-commerce irão se tornar próximos como nunca antes.
“O e-commerce como parte da interação entre cliente e marca já é bem forte nos EUA e aqui também estamos começando a viver isso. Já conseguimos deixar compras agendadas, ter compras recorrentes, receber avisos baseados no perfil de consumo. As plataformas e os marketplaces estão cada vez com mais tecnologia e nós vamos interagir com eles o tempo todo”, afirma Bruno Peres.
Outros exemplos de inovações tecnológicas que já estão deixando sua influência no marketing são o reconhecimento facial, os beacons (dispositivos que conseguem identificar os dispositivos móveis por sua localização), a abordagem de venda mais customizada baseada em dados recebidos em tempo real, entre outras.
No final, as tendências apontadas pela WPP sempre se convergem e quem souber trabalhá-las pode ter vantagens competitivas. “São tendências para ficar atento. Todas elas, juntas com a tecnologia 5G e a análise de dados, vão deixar o marketing cada vez mais assertivo”, complementa o professor de marketing digital.
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