Uma marca que nasceu da experiência do cliente, pela falta de identificação com os produtos disponíveis no mercado. A Makeda Cosméticos surgiu da dificuldade de Sheila Makeda de encontrar bons produtos para seu cabelo que não fossem para alisamento. Junto com o conhecimento da irmã, Shirley Leela, que já trabalhava na indústria de cosméticos, as irmãs desenvolveram uma linha de produtos voltada exclusivamente para cabelos crespos e afro.
Mas a relação das irmãs Makeda com a beleza começou muito antes. A mãe, Sandra, era empregada doméstica e começou a trabalhar no início da década de 1990 para uma empresa internacional de cosméticos afro. Logo Sheila começou a acompanhar a mãe e não demorou muito para ir trabalhar num salão.
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Com a vida rodeada pela beleza, não surpreende que Sheila e Shirley tenham enveredado na área. Mas o estopim para a criação da Makeda Cosméticos foi a falta de identificação. “Comecei a fazer teatro e comecei a deixar o meu cabelo crescer, natural. E o teatro me trouxe um desconforto, ‘por que eu não gostava do meu cabelo?’, E fui estudar história, entender minhas origens”, conta Sheila.
Valorizar os crespos e cacheados
Foi por conta da cultura, do permanente discurso de que o cabelo afro, de que o cabelo crespo é feio, que Sheila decidiu criar produtos que valorizassem os traços e características da mulher negra. “Ao me ligar com essa identidade eu percebi que tinha que haver um olhar muito carinhoso para esses cabelos”, explica a CEO da Makeda Cosméticos.
Sócia da irmã na Makeda, Shirley trabalhava com desenvolvimento de cosméticos, trazia muitas experiências das alquimias que ela trabalhava. Os tratamentos que não agridem o cabelo são o carro-chefe da empresa.
E o resultado surpreendeu. A resposta veio rápido, na forma de um crescente aumento do público que se reconheceu na Makeda Cosméticos. “Acho bem interessante, porque as pessoas se espelham e se inspiram na gente, no nosso cabelo, no nosso estilo. E isso traz toda uma força para a marca, né?”, reflete Sheila.
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Contada assim, parece que foi fácil. Mas para Sheila, foi muito desafiador. “Vivi muito preconceito por ser mulher, negra, periférica. Mas encontrei uma fábrica que tinha uma mulher negra também que entendia o que eu queria fazer, e que deu todo o passo a passo para começar a Makeda”, lembra.
O impacto e o retorno têm sido enormes para a Makeda. “A gente entende que principalmente a população negra e afrodescendente tem, historicamente, uma posição um pouco esquecida, lá no cantinho”, pondera Sheila, “e por isso a gente quis trazer o máximo, um produto, mas também autoestima, desde bem-estar, uma mudança”.
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O desafio de empreender
No Conarec 2022 Sheila Makeda dará uma palestra exatamente sobre perseverança no empreendedorismo. Isso porque a trajetória da Makeda Cosméticos não aconteceu do dia para a noite. A quem quer empreender, além de ter um olhar atento para as dores dos consumidores, Sheila aconselha muita resiliência. “Inicialmente há muita empolgação e acha que vai ser de um dia para o outro. E digo que agora nós temos dez anos de Makeda ainda é preciso ter resiliência, perseverança”.
Shirley Leela complementa com o quão é importante buscar conhecimento, estratégico, de negócios, do produto: “é muito importante buscar mentorias, pessoas que já passaram por este processo e podem dar uma orientação para evitar erros”, destaca.
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Mas as irmãs não queriam que a empresa se limitasse a ser uma marca para cabelos crespos e cacheados. Com a evolução da Makeda, sentiram que poderiam causar impacto social positivo e levar o aprendizado que tiveram para outras mulheres, particularmente negras.
As mulheres são muito mais do que clientes e consumidoras em potencial para a Makeda. “Estando no lugar onde a gente ocupa, onde a sociedade não quer que a gente esteja, a gente estimula que outras mulheres empreendam”, conta Sheila.
O projeto Makeda Terapeuta, lançado em 2019, oferece cursos e disponibiliza produtos para que mulheres na periferia possam se qualificar e ter um trabalho. A CEO da Makeda detalha que após se formarem no projeto, “essas mulheres vão atender em sua comunidade, trabalhando ali, causando impacto na sociedade, fazendo a microeconomia girar e fazendo com que ela tenha uma renda”.
O Makeda Terapeuta atende em sua maioria mulheres negras que precisam de uma oportunidade. “E o que nós precisamos é disso, oportunidade” para realizar, enfatiza Sheila.
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