Chandhu Nair é vice-presidente sênior de Tecnologia – Dados, Inteligência Artificial e Inovação da Lowe’s. Em suma, na Lowe’s, empresa norte-americana do ramo de materiais de construção, ele lidera o escritório de transformação de IA, além das áreas de dados, análises e laboratórios de inovação, focando em tecnologias emergentes e investimentos tecnológicos. Azita Martin lidera as iniciativas de Inteligência Artificial da NVIDIA voltadas para o varejo e bens de consumo, orientando executivos sobre estratégias e práticas eficazes para implementar IA nas operações. Sua equipe desenvolve soluções usando a plataforma de computação acelerada da NVIDIA e cria um ecossistema de parceiros para otimizar cadeias de suprimento e experiências omnichannel.
Azita Martin e Chandhu Nair estiveram no painel “Como a Lowe’s aproveita a IA para se tornar um varejista digital ágil“, na NVIDIA GTC, conferência global de Inteligência Artificial, no dia 17 de março.
Lowe’s: mais agilidade
Na ocasião, o público pode perceber que a Lowe’s tem estado na vanguarda do aproveitamento da IA em todos os aspectos de seus negócios. De IA generativa (GenAI) a gêmeos digitais e visão computacional, a Lowe’s está usando IA em toda a sua cadeia de valor para se tornar um varejista digital mais ágil, otimizar o merchandising, reduzir o encolhimento e oferecer a melhor experiência de compra ao cliente.
Azita começou o painel desejando um feliz Dia de São Patrício (apóstolo da Irlanda) a todos. Na sequência, ela destacou o progresso notável da Lowe’s, que tem sido, em suas palavras, “excelente”. “Afinal, sua equipe, Chandhu, tem liderado a implementação da Gen IA em toda a cadeia de valor”.
Chandhu Nair começou sua fala compartilhando um breve histórico sobre a Lowe’s, varejista líder em melhorias para o lar, com aproximadamente 1.700 lojas e 300 mil colaboradores. “Oferecemos uma ampla gama de produtos, que vai desde materiais de construção até eletrodomésticos. Por isso, nossa loja é bastante complexa. Ao analisarmos a aplicação da IA na Lowe’s, é importante mencionar que a IA não é uma novidade para nós. Já utilizamos aprendizado de máquina tradicional em diversas partes de nossa cadeia de valor no varejo, melhorando variados aspectos do nosso negócio. Contudo, com a IA generativa, identificamos lacunas que conseguimos abordar de forma mais eficaz do que antes”.
Lowe’s e IA generativa
A estratégia da Lowe’s em relação à IA generativa hoje se baseia em três pilares. Por lá, eles a chama, de “como compramos”, relacionando à tecnologia à maneira como os clientes adquirem produtos para melhorias em suas casas. “Todos nós moramos em um lar, e, às vezes, cuidar dele pode ser desafiador. Os problemas frequentemente não se restringem apenas à descoberta de produtos, mas muitas vezes envolvem a questão do próprio produto. Notamos que existe uma grande falta de informações ou especialização. Só para exemplificar, consertar uma torneira vazando geralmente leva a uma busca por produtos específicos. A maneira como comprávamos anteriormente não era solucionável com muitas tecnologias tradicionais, e é exatamente aí que a Inteligência Artificial generativa pode aproveitar o conhecimento embutido em nossa forma de venda e disponibilizá-lo em escala”.
A estratégia de vendas da Lowe’s visa implementar um copilot que suporte os 300 mil colaboradores nas lojas e na cadeia de suprimentos, com o objetivo de aumentar a eficiência nas operações. Isso envolve a busca constante por aplicativos que otimizem o trabalho dos colaboradores, incluindo aqueles nas áreas de merchandising, planejamento de sortimentos e inventário. A abordagem se concentra em entender os processos de compra, venda e trabalho, priorizando casos de uso que possam gerar valor significativo para a organização.
Parcerias
Ficou claro que a empresa não se preocupa em desenvolver os maiores modelos de IA, mas sim em formar parcerias com líderes do setor, como a NVIDIA, para cocriar tecnologias avançadas. Essa abordagem colaborativa gerou uma estratégia coletiva para a Inteligência Artificial generativa, que evoluiu de uma inicial voltada para rápida colocação no mercado para uma mais abrangente, incluindo modelos de código aberto. Além disso, a empresa possui um grande volume de dados proprietários, o que a capacita a criar uma plataforma que atende a diversos cientistas de dados e desenvolvedores da Lowe’s, focando em uma implementação eficaz e escalável dessa tecnologia.
Para escalar a IA, a Lowe’s vem tomando algumas medidas, como o código aberto. Conforme Chandhu Nair explicou, a ideia é garantir uma abordagem híbrida, utilizando combinações de modelos da OpenAI, modelos comerciais e IA generativa.
Código aberto
“Apoiamo-nos fortemente ao Llama [nova série de modelos de IA generativa de código aberto] e a vários modelos de código aberto, reconhecendo que a questão dos modelos e dados é crucial em nosso conhecimento proprietário. Muitos processos devem ser codificados em nossas construções. Assim, buscamos integrar código aberto com nossos dados para treinamento, complementando com modelos comerciais. Essa abordagem híbrida nos permite implementar soluções em grande escala e aplicá-las em diversos casos de uso”, comentou Chandhu.
A Lowe’s está desenvolvendo um Ambiente de Desenvolvimento Integrado (IDE) voltado para engenharia tecnológica, com um foco especial em Inteligência Artificial. A companhia criou uma “fábrica de IA” baseada nas diretrizes do Nemo, da NVIDIA, assegurando a governança e proteção adequadas. Esse ambiente permite hospedar modelos de código aberto e acessar modelos comerciais, utilizando infraestruturas para RAG, fine-tuning e outras integrações. Além disso, ao integrar fases para os clientes e substituir aplicações de IA generativa, foram implementadas medidas de segurança em nível de aplicação, visando estabelecer uma base robusta. Atualmente, a empresa está trabalhando em uma camada agentic para adicionar mais funcionalidades.
Experiência fluida
Essa camada será essencial para a orquestração dos diversos modelos e facilitará a comunicação entre eles. O objetivo é criar uma experiência fluida, onde os usuários possam interagir com múltiplos modelos de forma intuitiva e eficiente.
A Lowe’s desenvolveu gêmeos digitais de suas lojas, integrando planogramas para aprimorar o merchandising. Além disso, implementou um consultor de vendas com tecnologia GenAI para garantir uma experiência de compra superior para os clientes. Por fim, a empresa utiliza visão computacional para combater o encolhimento e agilizar o processo de checkout dos clientes.
Com a implementação dessas medidas, a Lowe’s espera não apenas otimizar suas operações internas, mas também fornecer um atendimento mais personalizado e ágil aos seus clientes. O uso de IA permite a análise de dados em tempo real, possibilitando uma melhor compreensão das necessidades dos consumidores e, assim, melhorando a oferta de produtos e serviços.
Transparência e ética
Além disso, a empresa está comprometida com a transparência e a ética no uso de Inteligência Artificial. Estão sendo estabelecidas diretrizes que asseguram o uso responsável dos dados, respeitando a privacidade dos clientes e promovendo a inclusão. A integração de IA nas operações da Lowe’s é vista como um passo importante para a inovação no setor, permitindo que a companhia se mantenha competitiva em um mercado em rápida evolução.
Esse foco na inovação tecnológica, aliado a uma abordagem centrada no cliente e na ética, coloca a Lowe’s em uma posição de destaque, pronta para enfrentar os desafios do futuro e atender as crescentes expectativas de um mundo cada vez mais digital.