O lindo longa-metragem sobre a história da ONG Doutores da Alegria, produzido em 2005 pela Mara Mourão, ensina a nós profissionais de comunicação duas lições.
A primeira: o palhaço antes de entrar no quarto da criança bate na porta e pede permissão para entrar e, a partir do momento em que ela o autoriza, é aí que se inicia a interação. A segunda é o feedback dado pela criança ao longo ou após a interação, que se dá por meio de um simples sorriso.
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Nos últimos tempos, tenho me deparado com um fenômeno que tem ocorrido não apenas comigo, mas, conversando com alguns colegas percebi que também sofrem o mesmo.
Nas nossas caixas de e-mails, inbox do LinkedIn e até no WhatsApp, há uma enxurrada de mensagens de pessoas desconhecidas oferecendo oportunidades de negócios ou soluções que prometem resolver todos os problemas de nossas empresas.
Você tem sofrido com este fenômeno também?
Em tempos de LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) é muito intrigante como empresas têm conseguido os nossos contatos. Será que tudo está baseado na utilização das técnicas de Growth Hacking? É correto então monitorarem se abrimos, se lemos as mensagens enviadas ou não? Mas quem foi que lhes deu essa autorização para nos monitorar?
Além da forma como os dados são buscados (e adquiridos), outra coisa curiosa tem sido a forma de abordagem dessas mensagens.
São textos mal redigidos e, em muitos casos, com um tom mal-educado, como “olha, já que você não tem tido tempo para responder meu e-mail” ou ainda “não estou chateado por não ter recebido uma resposta sua porque imagino não ser o momento ideal para você”.
A cereja do bolo é a abordagem demonstrar um completo desconhecimento do que a empresa ou o profissional fez ou faz. O remetente não dedicou nem um tempo mínimo para estudar o prospect.
Confesso que algumas dessas mensagens nem chego a olhar direito porque elas caem justamente na caixa de spam, logo, é óbvio que dificilmente vou deixar a pessoa chateada.
Bem, voltando algumas casinhas, que tal você profissional de marketing e comunicação dedicar um tempinho para assistir ao filme dos Doutores da Alegria?
Digo isso porque antes de entrarmos nas caixas de mensagens das pessoas é preciso – em primeiro lugar – garantir que tudo será feito dentro das regras e da legalidade.
Em tempos de LGPD, serão necessárias que as interações digitais estejam cada vez mais devidamente autorizadas. Os Doutores não invadem os hospitais com os seus “besteirólogos” sem a devida autorização.
Em segundo lugar, o mínimo que se deve esperar é o pedido de autorização para entrar em nossas vidas.
Logo, uma premissa básica é uma boa preparação sobre quem é a empresa, uma análise prévia se o interlocutor é a pessoa correta para a interação e só aí então iniciar uma boa conversa tentando verificar se o que você está oferecendo é uma dor prioritária para o negócio.
E mais, se a sua empresa possui de fato qualidades e capacidades para atender a demanda que você mesmo está buscando.
É preciso tomar cuidado com a prática atual vigente nessas prospecções e interações. As discussões atuais na Anatel são outro exemplo, colocando pressão sobre as operadoras de telefonia móvel em relação às inúmeras ligações que temos recebido das empresas de call center.
E o mesmo poderá ocorrer no mundo das abordagens por e-mails e mensagens instantâneas, quando passarmos a ter novas regulamentações. Infelizmente, pelo mau uso de algumas, são as empresas que trabalham corretamente com o uso das ferramentas digitais que acabam sendo prejudicadas.
*Por Luís Fernando Guggenberger é executivo de Marketing, Inovação e Sustentabilidade da Vedacit.
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