“A nova realidade e os desafios da economia mundial”, este foi o tema da palestra de Paul Krugman, Economista, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, escritor, professor e colunista do The New York Times, durante a FEBRABAN TECH 2022.
A apresentação contou com a moderação de Maurício Minas (Bradesco) e brindou o público presente com as análises e a visão do mercado global de um dos mais conhecidos e aclamados economistas do mundo.
O norte-americano Paul Krugman discorreu sobre o cenário atual da economia mundial e como os desdobramentos da guerra da Rússia contra Ucrânia impactam decisivamente mercados e sociedades ao redor do mundo.
Uma visão otimista sobre a economia mundial
Para Krugman, entender os desafios que afetam a conjuntura econômica mundial é uma discussão desafiadora, mas necessária. Nações passando por problemas complexos, inclusive com países ricos em dificuldades econômicas, e os desafios impostos pela globalização de mercados, tudo isso não tira o otimismo de Krugman sobre o momento econômico, ao menos para os EUA.
“A recessão econômica não está afetando os EUA”, ele diz. Para o especialista, ainda é cedo para apontar que os americanos estão enfrentando um recesso econômico. “Não descarto que isso possa acontecer no próximo semestre, visto que há um processo de desaceleração econômica, mas, não será tão significativo para uma recessão”, avalia Krugman.
“Estamos lidando com problemas de dados sobre estatísticas de economia mundial. Não que as pessoas não estejam fazendo seu trabalho direito em relação a isso, mas há muito mais estimativas do que de fato está acontecendo”
Krugman ressaltou que a empregabilidade nos EUA está crescendo e que muito daquilo que se aponta como recessão é apenas uma visão distorcida e mal analisada. “Estamos lidando com problemas de dados sobre estatísticas de economia mundial. Não que as pessoas não estejam fazendo seu trabalho direito em relação a isso, mas há muito mais estimativas do que de fato está acontecendo”, diz.
A Europa errou
Avaliando um dos grandes movimentos que gerou inúmeros desdobramentos econômicos globais, a guerra entre Rússia e Ucrânia, Krugman salientou que a Europa “errou em depender demais do gás natural da Rússia”. O especialista também acrescentou que “a recessão impactará ainda mais a Europa nos próximos meses do que os EUA.
Sobre outro gigante do mercado, a China, Krugman avalia que o lockdown imposto pelo governo chinês também foi e está sendo uma questão peculiar que o país tem que lidar. No aspecto geral sobre os desdobramentos dessa guerra, Krugman diz que países mais dependentes de commodities importadas e com dívidas em dólar terão ainda um caminho desafiador para uma estabilidade econômica. “O fato é que muitos países que dependem de alimentos importados e gás importados estão sendo impactados severamente com isso”, pontuou.
Como efeitos, taxa de juros mais altas e aumento do dólar certamente causaram maiores dores em economias mais sensíveis. Nesse ponto, Krugman aponta que superar a inflação será um desafio, mas, não tão dificultoso como muitos avaliam. “Vencer a inflação não vai ser tão difícil quanto as pessoas pensam, mas, será no longo prazo”, frisa.
“Temos que entender que a economia é interdependente e que somos um mundo interdependente”
Mercados emergentes e futuro econômico
Evidente que mercados estão sobre grande stress e expectativas, sobretudo o Brasil, às vésperas de uma eleição presidencial. Nesse aspecto, Krugman avalia que o Brasil poderá supera o desafio da inflação “ O Brasil, de algum modo, tem uma oportunidade e acredito que as pessoas também são otimistas sobre o futuro econômico do seu país”, avalia o especialista.
Sobre os movimentos de sansões – muitos deles frutos da recente guerra já apontada – Krugman diz que “os países se tornaram mais protecionistas, mas não ao extremo”. “Temos que entender que a economia é interdependente e que somos um mundo interdependente. Apesar das sanções, acredito que governos e empresas se tornaram mais cuidadosos com o tema geopolítico. Mas isso não quer dizer que o mundo se tornara menos globalizado”, explica Krugman.
Para Krugman evidente que há muitos paralelos nesse contexto, mas, sanções são reais e devemos acompanhar essa conjuntura de perto. Ainda sobre um possível desfecho para o conflito entre Rússia e Ucrânia, Krugman é comedido. “Não sou a pessoa mais especializada para apontar um final. Especialistas nesse tema já foram pegos em contradição. Eu acredito que a combinação do armamento ocidental em apoio a Ucrânia e a moral ucraniana prevalecendo, isso poderá levar a um êxito da Ucrânia nessa guerra”.
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Os novos rumos do mercado financeiro
Sobre os novos rumos do mercado financeiro, tema central da FEBRABAN TECH 2022, Krugman vê com cautela toda essa transformação. “Sobre criptomoedas, sendo honesto, ainda não há um uso significativo delas. E em relação a políticas monetárias ainda não há nada mais sólido que o banco central”, destaca.
No entanto, Krugman entende que novos players estão aportando muita evolução ao sistema financeiro, sobretudo em serviços e experiência para os clientes. “O que vemos é uma valorização e uma penetração maior dos intermediários nesse processo evolutivo do mercado financeiro”, conclui o especialista.
A final do painel, Krugman, com um otimismo terrificante, nos deixa com a sensação de que tudo está seguindo um curso “natural” na econômica global: EUA segue como país mais forte economicamente. Um culpado por uma crise? Os russos. Quem sofre os maiores impactos? Europa, e países mais pobres e em desenvolvimento – obviamente. Se tudo fosse enredo para um filme, certamente seria um blockbuster norte-americano, nada além do esperado.
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