Na década de 90, estava na Unilever quando conheci os princípios do ECR (Efficient Consumer Response), a integração da cadeia estendida entre indústria e varejo, que prega a utilização de processos de gestão como o JBP (Joint Business Plan), o gerenciamento por categorias e o calendário de Trade Marketing, colocando o shopper no centro das estratégias.
Começamos a pilotar os primeiros planos de negócio em conjunto com as grandes redes de varejo no Brasil, formamos os times de clientes com pessoas de diversas áreas da organização para elaborar o planejamento do ano fiscal subsequente. As decisões de negócio se baseavam na escolha dos consumidores, como concebiam o conceito da categoria, sua navegação na gôndola e a hierarquia na hora da compra.
Em setembro de 2019, o Grupo Padrão promoveu o Retail Meeting Days para reabrir essa discussão de colaboração entre indústria e varejo na era 4.0. Tive a oportunidade de mediar um painel com experientes profissionais de mercado, Denize Mattos da M.Loures, Bruno Balduccini da Unilever, André Chevis da Telhanorte e Gleyson Ferreira da HP. O debate foi muito rico, pois abordamos processos conhecidos que estão sendo adaptados ao cenário do varejo e da indústria 4.0.
Leia aqui a cobertura do painel mediado por Tânia Zahar Miné
Agora temos o desafio de equilibrar os interesses, nem sempre convergentes, de ambas as partes na busca de resultados e eficácia (e ainda manter o consumidor como foco prioritário).
A boa notícia é que o acesso à informação é mais fácil, a abundância de indicadores mensuráveis cresceu exponencialmente, abrindo a oportunidade de “hipersegmentar” os consumidores e evoluir os programas de CRM para proporcionar uma melhor experiência na jornada phygital.
A má notícia é que temos que ser mais rápidos e adaptar as ferramentas para esse consumidor omnichannel, que almeja realizar suas compras e se utiliza dos canais disponíveis para cumprir sua missão de compra da melhor maneira possível.
Os desafios se multiplicam tanto para o varejo quanto para a indústria, porém há uma certeza: a necessidade de colaboração ganha força no ambiente 4.0. Mais do que nunca ela é fundamental para os negócios, os pontos de contato com os consumidores devem ser trabalhados em conjunto, desde o planejamento até a execução.
Neste aspecto, sempre aponto o varejo americano como sendo uma boa referência para quem busca fortalecer o planejamento colaborativo indústria – varejo, ressalto exemplos reais de colaboração da P&G com Walmart, da Johnson & Johnson com Amazon.
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