Crises hídrica e elétrica, dólar em alta e aumento da inflação pintam um cenário desfavorável para a indústria brasileira neste começo de ano. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) recentemente divulgou um estudo que aponta que somente 69,3% das empresas industriais pretendem realizar algum tipo de investimento em 2015, o menor patamar em cinco anos. Em contrapartida, o setor da Internet das Coisas (IoT) pode crescer neste ano justamente por causa das crises de abastecimento e infraestrutura de diversas regiões do país.
Isso ocorre porque a IoT tem grande atuação em setores de infraestrutura, conforme explica Ricardo Buranello, vice-presidente e diretor geral da Telit América Latina, especializada em tecnologia máquina a máquina (M2M). ?As crises da água e energia mostraram a importância de desenvolver recursos de gerenciamento como medidores inteligentes e redes conectadas. Investimentos terão de ser feitos nessas áreas e a IoT, junto ao setor de desenvolvimento tecnológico brasileiro, tem muito potencial de crescer este ano?.
Recentemente, um modem profissional desenvolvido pela empresa brasileira Duodigit vem sendo usado em estações meteorológicas que estão em locais de difícil acesso e condições de energia adversa, possibilitando assim o envio de dados sobre o clima em tempo real para uma central de controle. Seu uso vai facilitar a análise de dados e conduzirá estudos que, no futuro, poderão prever com mais confiança crises hídricas e meteorológicas.
Um estudo recente divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que a infraestrutura deficiente no Brasil não é apenas uma preocupação de médio prazo e tem afetado a atividade econômica do país mesmo no curto prazo. ?Justamente pela infraestrutura precária do país é que a IoT tem potencial de crescimento maior aqui quando comparado a países mais desenvolvidos?, acredita Buranello.
Para o diretor da Telit,o setor de transporte é um bom exemplo de como a IoT tem ajudado empresas a suprirem a deficiência estrutural brasileira. ?Tecnologias que usam a conectividade têm sido desenvolvidas por empresas brasileiras para ajudar em gerenciamento de frota e recuperação de veículos roubados?, exemplifica.
Uma dessas empresas é a Nastek Tecnologia que recentemente lançou um produto capaz de transmitir informações de dados mesmo em áreas remotas como a floresta amazônica. Assim, por exemplo, uma equipe enviada para consertar um defeito na transmissão de uma linha de energia dentro de uma área remota fora de cobertura pode manter a comunicação com a central de controle, agilizando respostas em caso de emergência. ?Essas demandas são típicas de um país de dimensões e desafios complexos como o Brasil e as indústrias daqui podem usar a tecnologia da Internet das Coisas para minimizar as crises de abastecimento e infraestrutura do país, mantendo essa indústria com enorme potencial de crescimento?.
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