Era uma casa muito engraçada, toda moderna, conectada. Ninguém podia entrar nela não, porque existia um espião. É o lado podre de toda a rede, privacidade requer macete.
Com o perdão da tomada da famosa música, esse pode ser o retrato da internet das coisas. Mas isso é apenas uma face. Pelo menos é o que afirma Steve Shoaff, CEO da UnboundID, em Austin, capital do TExas, durante o famoso festival SXSW (South By Southwest),
Conectividade parece melhorar tudo. Tv+conexão= netflix. Ou seja, fantástico. As possibilidades são incríveis. Geladeiras inteligentes que falam o que falta, gadgets que ajudam a encontrar um objeto perdido, a possibilidade de começar a cozinhar um alimento ou preparar o banho quente enquanto ainda está no caminho de casa. Em um mundo perfeito, essa equação seria ideal e teria um resultado exato. No nosso mundo, não confiamos o suficiente nas empresas para permitir que entrem com essa intensidade nas nossas vidas. Para Steve esse é um dos maiores entraves para a IoT. ?Eu não confio nas marcas o suficiente para confiar minha agenda a elas para um calendário inteligente, é muito pessoal?, afirma.
Ele exemplifica esse excesso de intimidade com o Apple Watch, o device mais pessoal que a Apple já fez. E coloca uma provocação, ?você está disposto a pagar 17 mil dólares para fornecer gratuitamente todos os seus dados??. Porque a permissão tem limites. em tese, mas na prática toda a informação coletada é dada de bandeja pelos próprios usuários (naquele tópico particular, termos e condições, que ninguém lê). ?E isso é usado em favor de quem? Das próprias empresas, não do usuario?, afirma.
Uma sátira de como damos tudo sem esperar nada em troca é o episódio do polêmico desenho SouthPark, em que é desenvolvido um tipo de iPad que permite que a Apple tenha acesso a um certo orifício corporal do usuário a partir do monento em que ele clica em “eu aceito os termos”.
Para finalizar, ele exemplificou com exatidão o lado bom e ruim da IoT: quando dá certo, nos transforma nos Jetsons, torna-se o Borg de Jornada nas Estrelas. Isso porque participar de um mundo conectado por meio da interned das coisas é muito mais passivo do que ativo. Há muito mais coletando dados sobre você do que você fazendo. Isso cria um problema de confiança. As marcas não tem a permissão social para criar esse mundo. ?Escolha e consentimento são importantes para criar confiança. Privacidade será impossível sem um sistema de escolha e consentimento?. Conscientes, é claro.
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