Enquanto a cibersegurança ganha notoriedade como um dos tópicos de grande importância na jornada do consumo, já que sem ambiente digital seguro não existe encorajamento para o cliente comprar, as cybertechs veem uma oportunidade de inovação com soluções antifraude.
Ao unir o aprimoramento da experiência do cliente com tecnologia, essas empresas encontraram brechas a serem trabalhadas para garantir que e-commerces e marketplaces sejam vistos como plataformas confiáveis e dentro dos parâmetros legais exigidos.
As novas ferramentas das cybertechs e seus setores de aplicação
Para iniciar o debate sobre a atuação das cybertechs, Marcelo Leal, diretor de soluções da TransUnion Brasil, explica que é necessário realizar a distinção entre Segurança da Informação e Segurança de Tecnologia da Informação (TI). A primeira diz respeito à proteção de dados que trafegam no sistema das empresas e a segunda se refere à segurança da infraestrutura tecnológica onde estes dados são processados e armazenados.
O especialista conta que existe uma dualidade na percepção do consumidor frente a esta nova jornada digital e aos elementos referentes à segurança. De um lado buscam um ambiente seguro, em que possam fornecer seus dados. Do outro, um ambiente ágil e sem complicações para efetuar suas operações.
“No caso da Segurança da Informação, para se protegerem de possíveis ataques de fraudadores, as empresas necessitam estabelecer processos seguros de identificação dos seus clientes (confirmação de identidade, localização, monitoramento e controle de operações e soluções de mapeamentos de dispositivos). As principais soluções utilizadas envolvem biometria, monitoramento de dispositivos através do IP da máquina, comparação de dados, modelos matemáticos (machine learning e inteligência artificial) e psicometria”, elenca.
“Já a questão da Segurança de TI envolve proteção de bancos de dados, acesso às redes, computadores, servidores e provedores. O processo ocorre através de revisão e de monitoramento periódico da infraestrutura, processo de proteção de acessos e algoritmos para identificação de padrões de ataques massivos”, exemplifica Marcelo Leal.
Se tratando dos segmentos de mercado para os quais as soluções antifraude das cybertechs são úteis, o profissional reforça que companhias que migraram para plataformas digitais, com características de transações massificadas, sejam de aquisição de um novo cliente ou realização de uma nova transação para um cliente já existente, devem procurar saber mais sobre o assunto.
Marcelo Bezerra, líder de engenharia de segurança da Cisco, complementa dizendo que, do lado das empresas, as principais inovações são de total visibilidade e observação em tempo real (full-stack observability) do tráfego de clientes e aplicações, estejam estas em datacenters tradicionais ou em nuvem.
Também é possível usar as ferramentas que a inteligência artificial dispõe para, mais rapidamente e eficientemente, identificar anomalias e padrões suspeitos, e essas tecnologias são acessíveis a empresas de diferentes segmentos.
“Uma tendência ganhando força é a de Zero Trust para aplicações, em que o acesso entre aplicações é constantemente monitorado e apenas os acessos necessários entre as aplicações são permitidos”, coloca o especialista.
O que já está ocorrendo no mercado
Atualmente, já existem soluções antifraudes criadas a partir da combinação de dados, insights e analytics. Estas atuam nas camadas de transmissão (web e mobile), identificação (dados e insights) e de inteligência analítica (machine learning e inteligência artificial).
Pensando nisso, o diretor de soluções da TransUnion Brasil lista quatro segmentos que historicamente já realizam a utilização desses elementos:
● Serviços financeiros;
● Fintechs;
● Seguros;
● Telecomunicações.
É importante ressaltar que entre o início e o auge da pandemia de covid-19, alguns segmentos foram beneficiados com o crescimento de suas operações, enquanto outros foram prejudicados. Os que foram agraciados, como marketplaces, comércio eletrônicos e serviços financeiros, sofreram forte ataque de fraudadores neste período mencionado.
Empresas que investiram em soluções de prevenção a ataques malignos e melhoria na jornada de seus clientes conseguiram se tornar mais eficientes, conter a atuação dos fraudadores, e aumentar sua rentabilidade e satisfação dos clientes.
Por sua vez, os segmentos que não tiveram possibilidade de retomar suas atividades no ano de 2021 se tornaram os novos alvos dos fraudadores por estarem vulneráveis e ainda em processo de melhoria de suas operações, como o ramo de turismo e lazer.
Experiência do cliente otimizada
As soluções a serem oferecidas pelas cybertechs podem tornar o processo de compra mais rápido e, consequentemente, inspirar mais confiança, já que as transações serão mais fáceis. “Isso acontece porque as fraudes acabam por afastar o cliente e reduzir ou atrasar o consumo, seja porque os cartões e meios de pagamentos foram comprometidos, seja pelo receio do cliente em efetuar a compra”, revela Marcelo Bezerra.
Além disso, muito se fala da transformação digital e da adoção de novas tecnologias possuírem curvas próprias. No início, existem os entusiastas. Depois, os primeiros usuários, os conservadores e os retardatários. Da mesma forma, existe uma curva similar de aprendizado para os consumidores nas plataformas digitais, que nem sempre acompanha o desenvolvimento do universo online.
A pandemia acelerou a entrada de todos os grupos, mesmo sem o processo natural de amadurecimento, deixando os clientes vulneráveis à ação de fraudadores, tanto que, no Brasil, 20% dos consumidores foram alvos recentes de fraudes digitais relacionadas à covid-19, segundo dados da TransUnion.
“Os fraudadores mudam de foco e setores a cada semestre e inovam em suas investidas. No primeiro trimestre do ano, por exemplo, o foco eram os serviços financeiros. Já no terceiro, as plataformas de viagens. Quanto mais segura for a plataforma no ambiente digital, mais fluida será a jornada. Com isso, o cliente se sentirá à vontade para realizar suas aquisições”, completa Marcelo Leal.
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