A pesquisa Global Consumer Insights 2018, da PwC, aponta que 50% dos brasileiros optam por experimentação na hora de escolher o local onde consumir, o número está acima da média mundial, que é 45%. O novo estudo da consultoria substitui o Total Retail, realizado pela última vez no ano passado.
A pesquisa aponta ainda que gastos relacionados a bem-estar são crescentes no País. Hoje, o grande gasto dos brasileiros mais jovens é com comida e viagens, com mais de 50%. Gastos com academia e relacionados ao life style já estão em segundo lugar, com 20%.
Os números indicam que o brasileiro é um consumidor mais dado à experiência que a média mundial. Em uma questão que se propõe provocadora, a PwC perguntou aos entrevistados de 27 países quais topariam receber produtos em drones. Os brasileiros responderam sim em 25% dos casos, contra 16% da média mundial. “O drone foi colocado como objeto de provocação para retratar como as pessoas estão mais ou menos voltadas para a inovação”, informa Hercules Maimone, sócio da PwC
Maimone aponta ainda que o hábito de consumo tem se movimentado numa velocidade muito grande, essencialmente por conta do aspecto tecnológico. “A tecnologia evolui por rapidez, cria novos modelos e coloca isso à disposição do consumidor, que tem sede de ocupar esse espaço e ele começa a criar possibilidades de consumo que antes não havia”, diz o especialista, que apresentou a nova pesquisa da PwC durante o BR Week, evento que reúne os maiores nomes do varejo no país e fornecedores de serviços para o setor.
Para Maimone, on-line e off-line estão convergindo de maneira que se tornam complementares. “E é bom que sejam assim, porque geram valor e visão de maior consumo e maior mercado”, explica Maimone, que crê que a popularização do sistema omnichannel e a adesão em massa dos consumidores ao varejo on-line podem aumentar a rentabilidade do setor.
Pouca experiência, mas eficiente
Por outro lado, Francisco Donato, CEO da consultoria Brasil/CT, aponta que o consumidor vê cada vez menos problemas de comprar de um novo concorrente do varejo e que não é eficiente em prover experiência de consumo, a indústria. O especialista aponta que as vendas da indústria diretamente ao consumidor, sem a intermediação do varejo, são cada vez mais frequentes.
O estudo da PwC retrata essa nova realidade. Segundo Maimone, embora 78% dos brasileiros que compram pela internet prefiram fazer isso diretamente pelo site do varejista, o número de pessoas que topariam comprar dos fornecedores já é de 22%. “Com as novas tecnologias, o varejo ganha um novo concorrente”, aponta Maimone.
Donato reitera a afirmação de Maimone e aponta que é crescente o número de industriais que trabalham a coleta de dados sobre consumidor final para entender sua jornada de compra. A vontade da indústria de fazer CRM pode ser concretizada. Se ela entrar para valer (na disputa pelo consumidor final), é um caminho que não tem volta”, garante.
Disney, fornecedor que vende experiência
A Disney é uma das fornecedoras que tem potencializado seu contato com o consumidor final de diferentes classes sociais. Famosa por seus filmes e parques temáticos, a empresa entendeu que tem um público sem acesso a seus produtos, a empresa aposta em brinquedos e vestuários. “Vendemos coisa de duas mil camisetas por hora no Brasil em mais de mil pontos de vendas que têm a marca da Disney”, aponta Claudia Neufeld, diretora de marketing da The Walt Disney Company Brasil, que formou o painel com Donato e Maimone durante o BR Week.
Como fornecedora, a Disney aposta na experiência que a marca garante ao seu cliente, ciente de que se dependesse apenas do seu produto para vender, sem a história que a marca tem e o que representa, o desempenho seria diferente. Ainda assim, a marca tem conseguido escala e vende mais de 20 mil SKUs no Brasil, onde a enorme maioria do povo não tem condições de visitar os parques temáticas da empresa americana.