Há muito tempo se debate sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) na área da saúde, o que antes era vista com certa desconfiança no uso da ferramenta entre clínica e paciente dá espaço a uma nova revolução para o setor com destaque para o uso do ChatGPT. Recentemente foi divulgado um estudo, liderado por investigadores do Mass General Brigham, em que os resultados da pesquisa demonstram que o ChatGPT pode ser uma ferramenta valiosa para os profissionais de saúde, auxiliando-os na tomada de decisões clínicas complexas.
As conclusões do estudo foram que o ChatGPT alcançou uma precisão impressionante na tomada de decisões clínicas, com força crescente à medida que é passa a ter mais informações clínicas à sua disposição. Os autores também observaram que o ChatGPT demonstrou maior precisão nas tarefas de diagnóstico final em comparação com o diagnóstico inicial. Além disso, fizeram algumas observações sobre possíveis limitações que podem incluem possíveis alucinações de modelo e a composição pouco clara do conjunto de dados de treinamento do ChatGPT.
Essa integração do uso de IA na área da saúde tem se mostrado promissora, principalmente para hospitais e profissionais da área. Outra pesquisa, dessa vez envolvendo 45 hospitais, revelou que 55,1% dos entrevistados afirmaram ter investido nos últimos dois anos em soluções que têm a IA como base para a entrega de valor na resolução de problemas. Além disso, 62,5% dos hospitais declararam que já utilizam a tecnologia de alguma forma em seus processos, demonstrando a crescente adoção dessa inovação na área da saúde. Os dados são da Anahp (Associação Nacional de Hospitais Privados).
IA e a eficiência
“Esse dado, certamente, é um indicativo de que a Inteligência Artificial está sendo vista como importante ferramenta para melhorar a eficiência, a precisão e a qualidade dos serviços de saúde. Contudo, a forma como vem sendo utilizada ainda foca mais nas situações administrativas, tendo um campo bastante amplo para expansão nas atividades clínicas”, detalha Felipe Cabral, coordenador do GT Tecnologia e Inovação em Saúde da Anahp e gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.
Os investimentos em tecnologia têm se expandido rapidamente, e a inteligência artificial está sendo uma força motora para a transformação dos negócios. Ainda de acordo com o estudo, 51% dos entrevistados afirmaram ter obtido benefícios práticos com seus investimentos em tecnologia, enquanto apenas 23% não conseguiram identificar tais benefícios. Além disso, a pesquisa destacou a presença de estratégias formais de adoção de IA, bem como a crença na capacidade das startups healthtechs para trazerem inovações nos luta contra os desafios.
No entanto, conforme explica Cabral, as instituições ainda encontram algumas barreiras para avançar na área. Entre os principais desafios citados na pesquisa estão a falta de interoperabilidade sistêmica e o custo elevado de implantação. “A dificuldade para engajar o corpo clínico e segurança dos dados também foram elencados pelos participantes como pontos que precisam ser superados para que a implantação da IA seja bem-sucedida”, destaca.
“Com o avanço da tecnologia de IA de forma segura e consistente, é provável que surjam novas aplicações e melhorias nas soluções existentes, tornando a IA ainda mais atraente para os hospitais. Com isso, na medida em que mais hospitais implementam soluções de IA e demonstram melhorias tangíveis na qualidade dos cuidados de saúde e na eficiência operacional, outros hospitais serão incentivados a seguir o exemplo”, completa.
Como as healthtechs auxiliam o setor?
As healthtechs, startups de saúde, também tem um grande destaque na democratização dos serviços de saúde. Essas empresas estão tornando a assistência médica mais acessível e conveniente para um número crescente de pessoas. Uma das principais estratégias adotadas por essas healthtechs é a telemedicina, que vem com uma abordagem onde permite que os pacientes consultem com mais praticidade e conforto os médicos e especialistas à distância.
Jakeline Guzelian, Head de Customer Experience da Memed, explica que o boom das consultas telemedicinas cresceu significativamente, com isso, os desafios também: “Antes, os consultórios não faziam uso da tecnologia e, com a flexibilização de normas, principalmente por conta da pandemia, houve um boom da telemedicina. Com isso, a gente conseguiu atingir novos públicos e crescer exponencialmente. Agora, estamos trabalhando para fazer com que esse público permaneça. E outro desafio é fazer com que os médicos entendam a importância da tecnologia e da telemedicina, inserindo um comportamento tecnológico aos profissionais” contextualiza.